Núcleo Arqueológico
Seixosa
Estação considerada das mais antigas da Europa, já foi em parte destruída pela construção do cemitério da Encarnação.
Esta jazida (bem como outras idênticas) trouxe alguma polémica face à "existência ou não em Portugal de uma fase cultural e cronologicamente pré-acheulense" (Raposo e Carreira).
Referem os mesmos autores, que "no plano da identificação, datação e correlação dos diferentes níveis de praia mais elevados da nossa costa nada garante - antes pelo contrário que as propostas agora formuladas correspondam à verdade. Tal é o caso dos três andadres superiores (115-130, 150-160 e 180-190 m), considerados globalmente como calabrianos". Por outro lado lado em termos arqueológicos põem dúvidas às alterações devido ao rolamento das peças que na sua maior parte são achados de superfície, referindo que "não constituem prova de contemporaneidade com os depósitos sobre que jazam, mesmo admitindo ser correcta a caracterização e datação destes". Juntam ainda uma outra crítica a esta problemática, afirmando a dado passo "ocorrem problemas intrínsecos aos próprios materiais de que se parte. Desde logo o da sua expressão numérica - que é reduzidíssima; depois a partir daqui, o da sua caracterização tipológica - que quase sempre é ilegítima, pelas bases quantitativas existentes, e inadequadas, pelas metodologias empregues". Acrescentam que a própria "intencionalidade do talhe está muitíssimo longe de ser provada".
Referem que relativamente a estas últimas questões, que embora a Seixosa pareça como um caso diferente "sem qualquer dúvida o mais importante local onde até hoje foi considerado existir uma indústria lítica pré-acheulense, (...) "recolhidas 210 peças (caso único), todas recolhidas in-situ (único também)", é muito mais aparente que real essa mesma diferença pois que do número de peças "129 apresentam apenas um único levantamento, 64 dois levantamentos, 10 três e somente 3 mais de três levantamentos" daí argumentarem que "a questão do talhe não pode nestas circunstâncias deixar de se colocar". Frisam que o local é necessário "no futuro ser observado com toda a atenção, inclusive no sentido de nele se realizarem escavações que permitam esclarecer quais as relações entre achados de superfície e achados in-situ... esclarecendo condições de jazida e intencionalidade de talhe".
Código Municipal de Estação: ENC.007.
GANDRA, Manuel J., Bibliografia Mafrense: I. Arqueologia, Mafra, Edição do Autor, 1993.
GANDRA, Manuel J.; CAETANO, Amélia, "Subsídios para a Carta Arqueológica do Concelho de Mafra" in Boletim Cultural '94, Mafra, Câmara Municipal de Mafra, 1995.
LOPES, Fernando M. Peixoto, "Quadros Sinópticos e Mapas Relativos aos Subsídios para a Carta Arqueológica do Concelho de Mafra" in Boletim Cultural '95, Mafra, Câmara Municipal de Mafra, 1996.
Idem, Seminário de Arqueologia: Levantamento Arqueológico (Concelho de Mafra), [U.A.L. - Curso de História], [Lisboa], 1992-1993.
RAPOSO, Luís; CARREIRA, Júlio Roque, "Acerca da existência de complexos industriais pré-acheulenses no território português" in O Arqueólogo Português, Lisboa, Série IV, Vol. 4, 1986.
ZBYSZEWSKI, Georges...[et al.], "Paleo-Anthropologie du Wurm au Portugal" in Setúbal Arqueológica, VI-VII, Setúbal, (Setembro 1980-81).
Idem, "A pebble culture do nível Calabriano da Seixosa (Portugal). Aspectos Tipológicos e Geológicos" in Memórias da Academia das Ciências de Lisboa, Lisboa, Classe de Ciências, XXIV, 1981-82.