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Núcleo Arqueológico

Villa romana da Tourega

Distrito: Évora
Concelho: Évora

Localização
Herdade do Barrocal (a 12 km de Évora)
Tipo de Património
Núcleo Arqueológico
Identificação Patrimonial
Conjunto
Tipologia original
Arquitectura Civil - Equipamento/Serviços
Valor patrimonial
Valor Arqueológico
Equipa Técnica
Luísa Ferrer Dias (arqueóloga), Inês Vaz Pinto (subdirectora do Departamento de História da Universidade Lusíada), Catarina Viegas (arqueóloga da Câmara Municipal de Évora).
Descrição

Na villa romana de Tourega, conhecida desde o séc. XVI, encontram-se as maiores termas romanas existentes em Portugal.

A escavação deste local iniciou-se em 1985, em colaboração com o município, tendo sido interrompido o alargamento do antigo cemitério da Tourega.

Foram postas a descoberto 450 metros quadrados de umas termas duplas, talvez para separação de sexos, ou para separação entre senhores e empregados, uma vez que uma delas é bastante mais rica que a outra (não se sabe ao certo). Foram por diversas vezes remodeladas entre o início do séc. I e o início do séc. V.

Este equipamento constituído por tanques, fontes, fornalhas, condutas de aquecimento subterrâneo, salas de banhos quentes, mornos, piscinas de banhos frios, divisões destinadas a massagens, e por um grande tanque (25 x 5 metros), que servia de reservatório e piscina. Pertenceu a uma família senatorial romana, da qual se sabem os nomes, o que constitui, entre nós, um caso inédito. As termas deviam fazer parte de uma "villa" certamente luxuosa, que ainda não foi descoberta, mas que se localizará, perto desta área, e que foi abandonada em meados do séc. V, durante o período da invasão dos Vândalos. Nesta zona está localizada uma casa quinhentista em ruínas, algumas fontes e um cemitério cujas obras de aumento deram origem, há uma década, a escavações de emergência, a fim de salvaguardar restos romanos, aliás conhecidos desde o séc. XVI, existem referências de André de Resende à inscrição de uma lápide de mármore, de um metro de altura, que servia, na altura, de altar na igreja local; actualmente, o cenotáfio, encontra-se no Museu de Évora. Indica que foi mandado fazer por Calpúrnia Sabina, em memória ao seu marido Quinto Júlio Máximo, e de seus filhos, Claro e Nepuciano, encarregados do estado das estradas. Trata-se de uma família senatorial, talvez originária de Évora, e que teve cargos políticos em Roma. Os diversos achados constam, entre outros, de uma grande e curiosa chave, fíbulas, alfinetes de cabelo em osso, contas de colar em vidro e âmbar, moedas, cerâmicas romanas (importadas de Itália, Espanha, Sul de França e Norte de África).

Diversos pavimentos estão decorados com mosaicos; acharam-se, também, estuques pintados. Muito importante foi a descoberta de um estuque epigrafado onde se repete a palavra "CISSI" ("feito por CISSUS"), nome ligado a um escravo liberto, identificado talvez com o artesão que decorou a sala. Alguns especialistas estrangeiros têm colaborado com os técnicos portugueses, entre aqueles uma zooarqueóloga detectou além de numerosos ossos de ovelhas, cabras, porcos e aves, armações de veado, ossos de javali, de cavalo e até os restos de uma perna de cão assado, o que denota, eventualmente, condições de vida bastante precárias na última fase de ocupação.

Património em perigo
Sim: arados fazem sentir os seus efeitos; por outro lado, bastante terra e pedra foi retirado do local, afim de serem utilizadas na barragem de Belverde. Necessário para a protecção e continuação dos trabalhos arranjar uma cobertura, para evitar a erosão.
Intervenções e Restauros
Escavações realizadas entre 1984 e 1987, dirigidas por Luísa Ferrer Dias; em 1988, as ruínas de Tourega passa a Projecto de Investigação da Universidade Lusíada, sendo nesse ano a direcção da escavação partilhada com Inês Vaz Pinto e com a colaboração de Catarina Viegas. Desde aquela data e, até hoje, têm-se juntado à equipa, arqueólogos e especialistas estrangeiros, sendo efectuadas escavações.
Durante o mês de Setembro de 1993 foi efectuada uma nova campanha de escavações, tendo os arqueólogos Luisa Ferrer Dias, Inês Vaz Pinto e Catarina Viegas (Universidade Lusíada) continuado a delimitar a zona das termas a Oeste e a Sul. Estes trabalhos tiveram o apoio directo da Câmara Municipal de Évora.
Programas e Projetos
Projecto de Investigação da Universidade Lusíada, subsidiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, pelo IPPAR (Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico) e pela Câmara Municipal de Évora.
Morada
Nossa Senhora da Tourega
7000
ÉVORA
Fonte de informação
Bibliografia
SACADURA, João Paulo, "Ruínas romanas da Tourega - Villa, procura-se", Público, 20-9-1994, Lisboa, 1994.

DEFESA (A), "Escavações na Tourega", Évora, Outubro de 1993.

Data de atualização
07/12/2006
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