Núcleo Arqueológico
Mafra D
Zona rica em vestígios antigos, sendo curioso o topónimo "Vila Velha" que sugere todo um passado ainda pouco conhecido.
Foi descoberto um habitat e uma necrópole da época romana. De período posterior podem ainda ser observadas ruínas de um castelo (?); os indícios mais significativos encontram-se incorporados nas paredes das casas, ao longo da Rua das Tecedeiras, passando pelo miradouro (em frente à igreja de Santo André), havendo mesmo quem argumente que a zona poente do palácio dos Marqueses de Ponte de Lima tenha aproveitado uma das torres do castelo.
Para certos autores os resquícios das muralhas poderão mesmo reportar-se à época goda, tendo sido o castelo posteriormente utilizado pelos árabes. Certa é a existência de documentos que dão prova do castelo no séc. XII, bem como existem dados de que, em meados do séc. XVIII, já se encontrava praticamente arruinado (quando o castelo deixou de ter funcionalidade, os seus componentes materiais passaram a ser utilizados na construção das casas).
O castelo deveria ser importante "quer pela função semafórica que certamente desempenhava quer devido à equidistância a que se achava relativamente a Sintra e Torres Vedras" refere Gandra.
Outro vestígio deste período, apareceu no aro da vila, respectivamente um Dirham quadrado Almóada.
Foram ainda detectadas tulhas ou silos. Bastante comuns na região de Mafra, as tulhas têm oferecido assunto de discussão face à sua integração cultural e cronológica; isto porque, se por um lado, têm aparecido no seu interior artefactos que não oferecem dúvidas e podem ser classificados (caso de objectos notoriamente romanos), por outro, aparecem materiais que são bastante difíceis de datar (restos cerâmicos que poderão anteceder bastante no tempo os anteriores vestígios). Se bem que os artefactos romanos, apareçam geralmente nos níveis mais elevados das tulhas, pôe-se contudo a questão de quem fabricou estes silos e, se a função delas, terá sido desvirtuada posteriormente?
Apareceram nas tulhas deste local, (além dos restos já referidos), carvões, conchas de moluscos, fragmentos de ossos calcinados e um sílex lascado. O estudo do abundante material orgânico que normalmente contêm, é um factor positivo para esclarecimento de tais dúvidas, designadamente, através de análises radioactivas, nas que venham a encontrar-se futuramente.
Código Municipal de Estação: MFR.016.
Código Nacional de Estação: 3219; 4573; 4575.
Idem, "Lápides e inscrições" in O Correio de Mafra, Mafra, (16 e 23 de Julho de 1903).
GANDRA, Manuel J., Bibliografia Mafrense: I. Arqueologia, Mafra, Edição do Autor, 1993.
GANDRA, Manuel J.; CAETANO, Amélia, "Subsídios para a Carta Arqueológica do Concelho de Mafra" in Boletim Cultural '94, Mafra, Câmara Municipal de Mafra, 1995.
LOPES, Fernando M. Peixoto, "Quadros Sinópticos e Mapas Relativos aos Subsídios para a Carta Arqueológica do Concelho de Mafra" in Boletim Cultural '95, Mafra, Câmara Municipal de Mafra, 1996.
Idem, Seminário de Arqueologia: Levantamento Arqueológico (Concelho de Mafra), [U.A.L. - Curso de História], [Lisboa], 1992-1993.
VEIGA, Sebastião P. M. Estácio da, Antiguidades de Mafra ou Relação Archeológica dos característicos relativos aos povos que senhorearam aquelle território antes da instituição da monarchia portuguesa, Memórias da Academia Real das Sciências, Lisboa, 1879.