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Núcleo Arqueológico

Conjunto de Sítios Arqueológicos do Vale do Rio Coa

Distrito: Guarda
Concelho: Vila Nova de Foz Côa

Localização
Vale do Coa
Tipo de Património
Núcleo Arqueológico
Classificação
Monumento Nacional
Proteção Jurídica
32/97, DR 150 de 2-07- 1997. Zona Especial de Proteção: área abrangida pelo Parque Arqueológico.
Identificação Patrimonial
Conjunto
Tipologia original
Sítios Naturais - Parque Arqueológico
Valor patrimonial
Valor Arqueológico
Proprietário/Instituições responsáveis
IGESPAR
Descrição

O vale do Coa constitui com as suas gravuras um amplo santuário que se preservou até ao presente. A arte parietal dos homens do Paleolítico confinava-se quase exclusivamente à zona franco-cantábrica, de que são exemplo as grutas de Lascaux (França) e Altamira (Espanha). Assim, a Península Ibérica, com exceção do extremo Norte de Espanha, era bastante pobre nessa manifestação de arte, a exemplo da gruta do Escoural (Alentejo), o ponto mais ocidental dessa expressão parietal. As gravuras do Coa vieram alterar de modo significativo esta ideia, encontrando-se distribuídas ao longo do rio, por cerca de 17 quilómetros. Constituem o mais importante santuário de arte rupestre paleolítica ao ar livre no mundo.

As gravuras, em número muito significativo, encontram-se intencionalmente localizadas em sítios escolhidos pela sua importância simbólica, integradas num complexo sistema mágico-religioso em que todas as figuras tinham relação com as outras, à imagem do que se verificava nas cavernas, funcionando deste modo o "Vale Sagrado" do Coa como uma grande gruta a céu aberto.

Os animais mais representados são os cavalos e auroques ou bois selvagens, sendo desenhados com maiores dimensões ou figurados com gravação mais funda na rocha, de modo a serem os mais notados; os cervídeos e caprídeos, são representados em posição periférica ou com picotado mais ténue ou fino. O contexto físico-geográfico não está dissociado destas manifestações de arte rupestre, sendo provável o seu aproveitamento para realçar um jogo de perspetivas, de ver em diversos ângulos e distâncias, que não está dissociada das crenças do homem do Paleolítico Superior.

É por essa razão que alguns arqueólogos defendiam a preservação de todo o vale do Coa, com a suspensão definitiva das obras da barragem, pois que mesmo sendo posta em prática algumas das soluções (da iniciativa da EDP - Electicidade de Portugal, empresa responsável pelo plano que incluía a criação da barragem), como seja o caso da deslocação de gravuras para um nível superior de modo a evitar o seu afundamento, tal ação retiraria o valor que a localização original representava.

Por outro lado, os defensores da continuação das obras da barragem, com base em controversas datações efetuadas, não atribuiam a importância das gravuras, tidas como de grande interesse científico pelos arqueólogos em geral. Contudo, se bem que existam algumas gravuras bem mais recentes (da Idade do Ferro, por exemplo), não é menos verdade que estas se encontram sobrepostas a outras, sem dúvida, pertencentes ao Paleolítico Superior.

Estudados os prós e os contras, depois de longo tempo de debates sobre o assunto, e tendo em linha de conta os estudos recentes que comprovam, inequivocamente, a existência de gravuras com uma idade compreendida entre 20 a 25 mil anos, foi decidido pelas entidades governamentais suspender definitivamente a barragem, permitindo salvaguardar um património histórico de grande importância e criar oficialmente o Parque Arqueológico de Foz Coa, onde se incluem diversos núcleos de gravuras, dos quais se destacam três: Canada do Inferno, Ribeira de Piscos (onde se encontra a gravura conhecida como "o homem de Piscos", e uma representação de peixe, até ao momento a única no género, conhecida da Arte Paleolítica) e Penascosa.
Os visitantes são acolhidos em Centros de Receção, respetivamente, em Castelo Melhor e Muxagata.

Classificado pela UNESCO desde 1998 as gravuras rupestres do Vale do Coa pertencem assim ao Património da Humanidade.
Os limites da área a ser classificada estão compreendidos entre Faia (Rio Douro) e Cidadelhe, e incluem a foz da ribeira de Aguiar, Algodres, Almendra, Chãs, Santa Comba, Muxagata e Pocinho.

Núcleos mais importantes
1 - Estação Arqueológica da Quinta de Santa Maria da Ervamoira (Muxagata)
2 - Núcleo de Arte Rupestre da Fonte Frieira (Castelo Melhor)
3 - Núcleo de Arte Rupestre do Vale de Figueira/Teixugo
4 - Núcleo de Arte Rupestre da Ribeirinha (Almendra)
5 - Núcleo de Arte Rupestre da Faia/Vale Afonsinho (Vale de Afonsinho, Figueira de Castelo Rodrigo)
6 - Núcleo de Arte Rupestre da Broeira (Castelo Melhor)
7 - Núcleo de Arte Rupestre da Penascosa (Castelo Melhor)
8 - Núcleo de Arte Rupestre de Vale de Moinhos (Vila Nova de Foz Côa)
9 - Núcleo de Arte Rupestre da Quinta da Barca (Chãs)
10 - Núcleo de Arte Rupestre da Quinta do Fariseu (Muxagata)
11 - Núcleo Arqueológico de Habitat Paleolítico do Salto do Boi/Cardina (Santa Comba)
12 - Núcleo de Arte Rupestre de Meijapão (Castelo Melhor)
13 - Núcleo de Arte Rupestre da Ribeira de Piscos/Quinta dos Poios (Muxagata)
14 - Núcleo de Arte Rupestre da Faia (Cidadelhe)
15 - Núcleo de Arte Rupestre de Vale das Namoradas (Castelo Melhor)
16 - Núcleo de Arte Rupestre da Canada do Inferno/Rego de Vide (Vila Nova de Foz Côa)

Gravuras paleolíticas:
Canada do Inferno;
Núcleo de Vale da Figueira;
Núcleo da Ribeira de Piscos;
Penascosa;
Núcleo da Quinta da Barca;
Núcleo da Faia.

Gravuras de períodos ulteriores:
Vale de Cabrões;
Núcleo do Vale do José Esteves;
Canada do Amendoal.

Pinturas da pré-história recente sob rocha:
Núcleo de Vale de Figueira;
Núcleo da Faia.

Museu da Quinta da Ervamoira

Programas e Projetos

Plano Estratégico do Parque Arqueológico do Vale do Coa.
Programa Integrado de Desenvolvimento do Vale do Coa (PROCOA).

O Plano Estratégico do Parque Arqueológico do Vale do Coa, onde se inclui um projeto museológico na área da Canada do Inferno, na margem esquerda do rio Coa. Este projeto, pretende minimizar os efeitos negativos causados pela abertura das fundações da barragem, sobre a paisagem. A construção do Museu e Sede do Parque Arqueológico aproveitou as aberturas e estende-se em socalcos, formando três patamares. Acresce ainda referir que a região onde se enquadram as gravuras possui especificidades muito próprias, dignas de atenção, para as quais contribuem, por exemplo, a paisagem de rara beleza; as vilas e aldeias históricas - Marialva, Numão, Figueira de Castelo Rodrigo; os mosteiros como Santa Maria de Aguiar; e as vinhas plantadas em socalcos xistosos que dão origem ao famoso vinho do Porto (a Quinta de Ervamoira, produtora deste vinho, está precisamente localizada no Vale do Coa, entre os núcleos de gravuras de Ribeira de Piscos e da Penascosa).

Prémios
Património Mundial - UNESCO 1998
Modo de funcionamento
Para a preparação de atividades no âmbito de visitas marcadas ou qualquer outro tipo de atividades educativas relacionadas com o património do Vale do Coa, contactar: Marta Mendes ou Rosa Jardim
Tel: +351 279768264
E-mail: actividadeseducativas.pavc@igespar.pt

Para apoio pedagógico, contactar:
E-mail: mmendes.pavc@igespar.pt

Para realização de exposições, contactar:
E-mail: rjardim.pavc@igespar.pt
Morada
Vale do Rio Côa, Vale de Afonsinho Parque Arqueológico do Vale do Coa Av. Gago Coutinho, 19 A
5150-610
Vila Nova de Foz Coa
Telefone
279768260/1
Fax
279768270
Fonte de informação
CNC / Patrimatic
Bibliografia
DIÁRIO DE NOTÍCIAS - "Os riscos de Foz Côa", Lisboa, 3 Julho 1995.

JORNAL DE NOTÍCIAS - "Gravuras rupestres do Côa, Porto, 5 Dezembro 1994.

Idem - "Submergir gravuras do Côa, nuncaI", Porto, 20 Janeiro 1995.

dem - "Foz Côa: o primeiro grafismo da humanidade", Porto, 8 Fevereiro 1995.

Idem - "Equipa da BBC no Côa", Porto, 9 Maio 1995.

PÚBLICO - "Barragem de Foz Côa ameaça achado arqueológico", Lisboa, 21 Novembro 1994.

Idem - "Uma barragem de segredo", Lisboa, 25 Novembro 1994.

Idem - "Quem salva as gravuras do Côa?", Lisboa, 30 Novembro 1994.

Idem - "Côa: 20 mil anos de memória", Lisboa, 1 Fevereiro 1995.

Idem - "Presidência aberta no Côa", Lisboa, 21 Fevereiro 1995.

Idem - "Um espectáculo de indecisão", 5 Março 1995.

Idem - "O milagre de Foz Côa", Lisboa, 7 Março 1995.

Idem - "Arqueólogos vão ao parlamento", Lisboa, 8 Março 1995.

Idem - "Woodcôa arranca amnhã", Lisboa, 9 Abril 1995.

"À espera de chegar às gravuras", Lisboa, 12 Abril 1995.

Idem - "Protesto em ritmo de festa", Lisboa, 13 Abril 1995.

Idem - "Foz Côa: o deserto de betume e as falsas oposições", Lisboa, 2 Maio 1995.

Idem - "A 'impaciência' de Graça Moura", Lisboa, 2 Maio 1995.

Idem - "Em busca da civilização esquecida", Lisboa, 8 Julho 1995.

Idem - "Bons métodos, conclusões parciais", Lisboa, 8 Julho 1995.

Idem - "Um paleolítico 'absurdo'", Lisboa, 8 Julho 1995.

Idem - CIdem - "Emoções científicas à solta", Lisboa, 4 Setembro 1995.

Idem - "Não ouvi nada que me faça mudar de ideias", Lisboa, 5 Setembro 1995.

Idem - "Cartas por Foz Côa", Lisboa, 23 Setembro 1995.

O INDEPENDENTE - "Promessas de Janeiro", Lisboa, 23 Dezembro 1994.

Idem - "Pare, escute e olhe", Lisboa, 3 Março 1995.

Idem - "Côa a quem doer", Lisboa, 13 Abril 1995.

Idem - "A fraude", Lisboa, 7 Julho 1995.

ZILHÃO, João (coord.) - Arte Rupestre e Pré-História do Vale do Côa : Trabalhos de 1995-1996 : Relatório Científico ao Governo da República Portuguesa. Elaborado nos termos da resolução do Conselho de Ministros nº4/96, de 17 de Janeiro, Ministério da Cultura, Lisboa, 1997.

Data de atualização
16/10/2013
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