Núcleo Arqueológico
Citânia de Sanfins
A Citânia de Sanfins, uma das estações arqueológicas mais representativas da cultura castreja do Noroeste peninsular, localiza-se a 5 kms em linha recta para Noroeste de Paços de Ferreira, sendo o seu acesso feito por estradas municipais, nomeadamente a nº209, que entronca, na freguesia de Carvalhosa, à esquerda da estrada nacional nº207, do itinerário Porto-Paços de Ferreira.
Ocupando um lugar central, que lhe confere uma posição estratégica, no quadro do respectivo ordenamento territorial, estende-se por uma colina de extensa plataforma central, integrando-se no perímetro de montanhas de altura média com afloramentos graníticos vindos desde os Montes da Agrela em direcção a Norte, que lhe permite abarcar uma panorâmica circular de toda a região de Entre-Douro-e-Minho.
Esta citânia tem sido objecto de escavações sistemáticas. A zona escavada, abarcando uma área superior a 15 ha, revela um forte sistema defensivo, de 6 ordens de muralhas, e uma organização proto-urbana de estrutura regular com arruamentos ortogonais e mais de 150 construções de planta circular e rectangular agrupadas em cerca de 40 conjuntos de unidades domésticas. Um desses núcleos familiares formado por 4 a 5 casas convergentes para um pátio comum, lageado e com acessos próprios, ocupando uma área média de 200 a 300 m2, cercado por um muro, foi objecto duma reconstituição etno-arqueológica, a qual permite uma melhor compreensão da célula base das comunidades proto-históricas, salvaguardando um sentido da propriedade privada familiar, assim como da privacidade doméstica.
Destes núcleos de arquitectura doméstica, destacam-se grandes construções rectangulares centrais, que forneceram um espólio de natureza sagrada, nomeadamente duas aras anepígrafes e fragmentos de uma estátua de guerreiro, as quais sugerem uma interpretação de carácter religioso. É de salientar, também, o balneário castrejo, pelo seu aparato e técnica construtiva, localizado no sopé do povoado, a Sudoeste, abastecido por uma nascente de água, e onde outrora tinham lugar banhos de vapor, tipo sauna, e banhos de água fria.
Fora de muros, para Norte, uma inscrição em latim num penedo traduz um documento para o estudo da organização social e religiosa da citânia, reconhecendo-se no vocábulo Fidueneae o etnónimo da comunidade castreja da citânia e na designação Consunea a identificação de uma divindade guerreira do Noroeste da Península Ibérica, equiparada ao deus Ares (grego) ou ao deus Marte (romano).
O povoado apresenta uma cronologia balizada, essencialmente, entre o séc. I a.C. e os finais do séc. I d.C., no entanto, na Idade Média implantou-se, na zona da acrópole, um cemitério cristão associado a uma ermida dedicada a S. Romão, do qual ainda restam vestígios.
O espólio proveniente das escavações realizadas nesta estação arqueológica poderá ser visitado no Museu Arqueológico da Citânia, localizado no centro da freguesia de Sanfins.
Construções de planta circular e rectangular agrupadas conjuntos de unidades domésticas.
Balneário castrejo.
Em 1944, os trabalhos foram dirigidas por Eugénio Jalhay, que contou com a colaboração de Afonso do Paço desde 1946, o qual prosseguiu as escavações até 1967.
Entre 1972 e 1974, as pesquisas arqueológicas foram dirigidas por Carlos Alberto Ferreira de Almeida.
Entre 1977 e 1993, as escavações prosseguiram com Armando Coelho F. Silva e Rui Centeno, professores de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
1995 - restauro e beneficiação (com participação Prodiatec, a cargo de Etnos - Património Cultural).