Património Material
Igreja do Senhor Jesus da Misericórdia
Construção do século XVI, com posteriores reconstruções. De estrutura chã muito simples e obedecendo a um plano construtivo bastante modesto, a sua edificação foi autorizada por carta régia de D. Sebastião, em 1571.
A igreja apresenta uma fachada com telhado de duas águas onde se destaca o portal principal de gosto maneirista rematado por um frontão triangular, sobre o qual se abre o janelão gradeado do coro. Coroando todo este conjunto encontra-se um pequeno registo de azulejos polícromos de padronagem tipicamente seiscentista representando uma cena religiosa figurando a Eucaristia (uma custódia sustentada por anjos entre nuvens). Na legenda pode-se ler a frase LOVVADO SEIJA O SANTISIMO SACRAMENTO NA ERA DE 1677. Este painel que se apresenta danificado, tem a particularidade de ostentar a sua composição com a montagem trocada.
Interiormente o edifício é de uma só nave com abóbada rebaixada onde se destaca o púlpito em pedra da Arrábida de linhas maneiristas, a capela-mor tem a particularidade de ser mais baixa e estreita do que o restante corpo da igreja e possui o teto em abóbada de berço. No século XVII foi o interior da mesma revestido até 2/3 de altura com azulejos de padronagem tipo tapete de grande impacto decorativo em tons de azul e amarelo completado com barra de guarnição e bordos de cadeia que percorrem toda a nave. Durante as obras de restauro ocorridas no último quartel do século XX foi descoberto no interior do nicho da tribuna do altar-mor um dos antigos painéis do retábulo maneirista figurando a Visitação da autoria de Tomás Luís. A imagem que hoje em dia se encontra no nicho do altar-mor representando Cristo crucificado foi alvo de grande devoção a partir de 1 de Novembro de 1755, uma vez que estando a localidade invadida pelas águas do Tejo em consequência do maremoto que o terramoto causou, a população saiu em procissão com a mesma e a cheia começou a diminuir voltando o rio ao seu leito natural. No pavimento da capela-mor encontra-se ao centro do supedâneo do altar a sepultura quinhentista do primeiro provedor da Santa Casa, Nuno Alvares Pereira.