Núcleo Arqueológico
Cabeço dos Moinhos, Cabeço dos Orgãos ou Cabeço de Alcainça
A identificação deste cabeço, ao que parece deriva, segundo Vicente e Andrade, do nome de uma aldeia situada no sopé do cabeço de Alcainça, que se designa Moinhos (por razão da existência de engenhos de água que aproveitam a corrente da ribeira que por ali passa). Outra designação, que parace corresponder a esta mesma estação, é a de cabeço dos Orgãos (Arch. Português), que poderá derivar do facto desta formação natural ser constituída por afloramentos basálticos com formas de colunas prismáticas, que fazem lembrar ou se assemelham aos tubos de orgãos de igrejas (apesar disso, segundo Vicente, não se encontrou ninguém na região que conhecesse esta designação).
O acesso ao local é dificil por razão da forte inclinação das suas encostas e também pela dificuldade que representam os silvados e arvoredo denso que ali se encontra; a melhor maneira de se chegar ao povoado (que se encontra no topo) é seguindo um caminho que contorna a elevação.
Neste povoado observam-se vestígios de muralhas, "cujos restos parecem fazer hoje parte dos muros de suporte das terras" (Vicente e Andrade), um dos caminhos que sobem ao povoado "circundante por leste e por norte, parece ter sido estabelecido, em parte, sobre muralha derrubada".
O estudo do espólio conhecido faz integrar o seu período mais significativo na Idade do Bronze Final, contudo poderá ter perdurado em parte da Idade do Ferro. Entre os materiais apareceram várias xorcas de bronze; uma ponteira de bainha de espada ou "língua de carpa" (Savory); machados de talão e alvado em bronze (Vicente e Andrade chamam-lhes, respectivamente, enxó de talão e sacho de alvado); diversa cerâmica, como por exemplo, fragmentos de vasos e taças carenadas, alguns decorados, de retícula brunida; foram ainda encontrados fragmentos de mós e percutores.
Código Municipal de Estação: IGN.006.
À estação arqueológica de Cabeço dos Orgãos, foi atribuído o Código Nacional de Estação - 6177, que não coincide com o C.N.E. de Cabeço dos Moinhos - 4620, conforme o inventário do IPPAR. À partida levaria a concluir que se trataria de dois locais diferentes, logo estações distintas, contudo, e de acordo com o relato e estudo dos sítios referidos, parece seguro tratar-se de um único e mesmo lugar.
GANDRA, Manuel J., Bibliografia Mafrense: I. Arqueologia, Mafra, Edição do Autor, 1993.
GANDRA, Manuel J.; CAETANO, Amélia, "Subsídios para a Carta Arqueológica do Concelho de Mafra" in Boletim Cultural '94, Mafra, Câmara Municipal de Mafra, 1995.
LOPES, Fernando M. Peixoto, "Quadros Sinópticos e Mapas Relativos aos Subsídios para a Carta Arqueológica do Concelho de Mafra" in Boletim Cultural '95, Mafra, Câmara Municipal de Mafra, 1996.
Idem, Seminário de Arqueologia: Levantamento Arqueológico (Concelho de Mafra), [U.A.L. - Curso de História], [Lisboa], 1992-1993.
VASCONCELOS, Joaquim Leite de, "Estudos sobre a época do bronze em Portugal. IX - Xorcas de bronze de Alcainça" in O Archeologo Portuguez, XXIV, Lisboa, 1919-1920.
VICENTE, Eduardo Prescott; ANDRADE, Gil Miguéis, "A estação arqueológica do Cabeço de Moinhos. Breve Notícia" in Actas do II Congresso Nacional de Arqueologia, Vol. I, Coimbra, 1970.