Núcleo Arqueológico
Casas Velhas B
A jazida está implantada numa encosta bastante aberta, cujo declive decresce muito suavemente, contudo, do lado norte. A aproximadamente 300 m, a configuração é diferente; aí existe um vale apertado e razoavelmente fundo e comprido, por onde corre a ribeira da Vidigueira. Do lado Oeste, o pendor suave começa a dada altura a desaparecer, tornando-se mais forte a inclinação, até atingir o rio Lizandro (a cerca de 800 m em linha recta) que se estende aqui por um vale relativamente largo.
O acesso é bastante fácil, tomando a estrada referida na localização, para quem vem do lado de Mafra, no sentido da Carvoeira, a maior parte da estação apresenta-se do lado direito.
Não foram detectados quaisquer vestígios de estruturas defensivas ou outras, porém, é preciso ter em consideração que o local é sujeito periodicamente a trabalhos agrícolas (cultivo de cerais), que revolvem intensamente o solo muito pedregoso (constituído por calcário com "Choffatellas" do Cretácico) que levam à destruição de materiais e eventuais estruturas. Aliás o topónimo Casas Velhas é sugestivo e poderia aludir a esses vestígios.
Os materiais que são conhecidos dizem respeito a colheitas de superfície, são bastantes e muito diversos.
Do material lítico, aparecem: inúmeros artefactos de pedra polida (machados, martelos e fragmentos de utensílios não individualizados) de natureza anfibólica, sendo de um modo geral as secções, subrectangulares e aplanadas, com polimento nas duas faces; percutores de forma subesferoidal em sílex e mafraíto; um chopper em quartzito; lâminas em sílex; um núcleo de lamelas em calcedónia de reduzidas dimensões; um pequeno ídolo cilíndrico de calcário sem decoração.
Do material cerâmico, recolheu-se: um fragmento de suporte de lareira de pequenas dimensões; um peso de tear, de forma rectangular, sem decoração e com 4 orifícios nos cantos da figura geométrica; inúmeros fragmentos de cerâmica lisa sem decoração, em que as formas pertencem a recipientes de bordos em aba e espessados exteriormente; taças carenadas; recipientes esféricos e hemisféricos de bordo simples; etc..
Da cerâmica decorada apareceram dois bordos denteados e um fragmento com sulcos largos (caneluras) paralelos entre si, as restantes cerâmicas decoradas são campaniformes, designadamente, integráveis nos complexos Marítimo e de Palmela.
A análise dos artefactos recolhidos faz supôr que a ocupação inicial do povoado de Casas Velhas remonte ao Neolítico Final/Calcolítico Inicial, atestado pela presença dos recipientes de bordo denteado e da taça carenada. Um segundo momento estaria associado ao Calcolítico Final pela presença das cerâmicas campaniformes.
Código Municipal de Estação: MFR.011.
Código Nacional de Estação: 3735.
GANDRA, Manuel J., Bibliografia Mafrense: I. Arqueologia, Mafra, Edição do Autor, 1993.
GANDRA, Manuel J.; CAETANO, Amélia, "Subsídios para a Carta Arqueológica do Concelho de Mafra" in Boletim Cultural '94, Mafra, Câmara Municipal de Mafra, 1995.
LOPES, Fernando M. Peixoto, "Quadros Sinópticos e Mapas Relativos aos Subsídios para a Carta Arqueológica do Concelho de Mafra" in Boletim Cultural '95, Mafra, Câmara Municipal de Mafra, 1996.
Idem, Seminário de Arqueologia: Levantamento Arqueológico (Concelho de Mafra), [U.A.L. - Curso de História], [Lisboa], 1992-1993.