Museus, Bibliotecas e Arquivos
Museu Nacional do Azulejo
O Museu Nacional do Azulejo está instalado no antigo Convento da Madre de Deus, da ordem das Clarissas, fundado em 1509 pela Rainha D. Leonor, viúva de D. João II e irmã de D. Manuel I, e que se encontra ali sepultada. A construção do convento prolongou-se pelo reinado de D. João III, adquirindo um grande valor artístico ao estilo renascentista. A sua espetacular decoração barroca deve-se ao reinado de D. João V.
O museu ocupa o espaço mais adequado para se expor a evolução da arte azulejar desde a sua introdução pelos mouros, passando por influências espanholas até ao desenvolvimento de um estilo nacional; inclusive o convento e Igreja da Madre de Deus possuem um valioso conjunto de silhares e painéis de azulejo, que constituem um importante espólio «in loco».
Nas instalações do Museu, existe a possibilidade de consultar uma biblioteca especializada em Azulejo e Cerâmica.
À data da Exposição Comemorativa do "V Centenário do Nascimento de D. Leonor", organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian, em 1958, o edifício conhece grandes melhoramentos que permitiram, a partir de 1959, a instalação das coleções de azulejo reunidas no Museu Nacional de Arte Antiga, sob a direção do engenheiro João Miguel dos Santos Simões, sendo apresentadas ao público em 1965, data em que nasce o Museu do Azulejo, embora ainda como uma secção do Museu Nacional de Arte Antiga. Somente a partir de 1980, o Museu do Azulejo adquire carácter nacional. No entanto, a sua atual configuração espacial foi conseguida em 1983, quando o museu esteve em obras, no sentido de acolher um dos núcleos da "XVII Exposição de Arte, Ciência e Cultura", promovida pelo Conselho da Europa.
O Museu Nacional do Azulejo apresenta um percurso cronológico desde os azulejos mouriscos até à produção contemporânea do século XX.
A visita começa por um núcleo de azulejos hispano-mouriscos, decorados com técnicas de corda seca e de aresta, comuns nos séculos XV e XVI, importados e produzidos em grande variedade, de onde se destaca a placa com as armas de D. Jaime, Duque de Bragança, datada de 1510.
De Antuérpia e importados, em 1558, o museu apresenta as secções de silhares com heráldica do Duque de Bragança, D. Teodósio, em técnica de majólica.
Já de produção azulejar portuguesa quinhentista (1580) e de um gosto pelo preenchimento total do espaço, surge o Retábulo de Nossa Senhora da Vida (*), assumindo esteticamente os valores plásticos do maneirismo internacional.
A padronagem utilizada desde o século XVI está bem documentada em diversos painéis. No século XVII, essa padronagem assume a função de "tapete", que cobria as paredes, inscrevendo-se no seu interior "registos hagiográficos", bem representados num dos núcleos do museu.
Por sua vez, a função religiosa, no século XVII, surge em azulejos que constituem os frontais de altar de influência oriental, caracterizados por aves e ramagens.
Os painéis de azulejos representando um cesto de flores em grande cartela e as armas do Visconde de Vila Nova de Cerveira, bem como os painéis provenientes do Mosteiro de S. Bento, em Lisboa, traduzem uma influência flamenga de grotescos e de ferroneries.
É de salientar, ainda, um exemplo de sumptuária civil, traduzido pelo conjunto de painéis de uma sala do antigo Palácio da Praia, em Belém, datado de 1670, assim como a existência de painéis mitológicos e um outro representando uma cena de caça ao leopardo.
Os núcleos barrocos do século XVIII, integrados na arquitetura, uns são de origem, outros foram colocados no final do século XIX. No entanto, existem peças como uma cena de dança, de Van der Kloet, datada de 1707, painéis com cenas mitológicas, de Gabriel del'Barco, e exemplos típicos da "grande produção" portuguesa do segundo quartel do século XVIII.
Merece especial referência o belo Painel de Lisboa (**), datado de 1700, localizado ao longo de uma das paredes do claustro, retratando a cidade antes do terramoto de 1755.
No núcleo de azulejaria neoclássica, documentada através de silhares e registos, destaca-se o conjunto de sete painéis historiados, datados do início do século XIX, onde se narra a ascensão e afirmação de um burguês e chapeleiro, António Joaquim Carneiro.
Existem, ainda, quatro composições, que representam símbolos maçónicos de Luís Ferreira, mais conhecido por Ferreira das Tabuletas, integradas no núcleo do século XIX, onde predominam os azulejos de padrão aplicados nas fachadas. Os de alto relevo foram produzidos nas fábricas do Porto e os de meio-relevo na Fábrica de Sacavém em Lisboa, já ao gosto "Arte Nova".
Em paralelo com esta padronagem de produção industrial e anónima, característica das primeiras décadas do século XX até um gosto "Art Déco", é de salientar as peças que documentam as produções de Raul Lino e Jorge Barradas. Já na segunda metade do século XX, destaca-se o conjunto de painéis do Metropolitano de Lisboa, criados por Maria Keil a partir de 1959, e mais recentemente, por artistas como Júlio Pomar, Manuel Cargaleiro, Sá Nogueira e Vieira da Silva.
Por fim, pode ainda ser visitado um conjunto de painéis de azulejos, composições relevadas e majólicas para cerâmica, que documentam a obra de Querubim Lapa, mestre de Cerâmica portuguesa neste período. Com base numa reflexão sobre a estrutura do azulejo são integrados os painéis em projeto da autoria de Eduardo Nery e de João Abel Manta. Outros ceramistas contemporâneos estão representados na coleção, nomeadamente Artur José, Cecília de Sousa, Armando Correia, Dimas de Macedo e Jorge Mealha.
(*) O Retábulo de Nossa Senhora da Vida, datado de 1580, apresenta uma altura de 4,92 m, uma largura de 4,64 m e é constituído por 1384 azulejos, integrando as cenas figuradas de S. Gabriel e da Virgem da Anunciação, na cimalha, da Adoração dos Pastores, ao centro, e de S. João Evangelista e S. Lucas, nos intercolúnios ediculares.
(**) O Painel de Lisboa, datado de 1700, desenvolve-se ao longo de 23 metros de comprimento numa das paredes do claustro, revelando a capital ao longo do rio, entre Algés e Xabregas, com presença de igrejas, palácios e equipamentos urbanos existentes antes do terramoto de 1755.
Terça-feira das 14h00 às 18h00
Quarta-feira a Domingo das 10h00 às 18h00
Autocarros urbanos: 718, 742, 794, 28 e 759
Metro: Estação de Santa Apolónia (a 20 min. do MNAz) com ligação de autocarros
Estacionamento: Próximo do Museu.
Acessibilidade: Possui cadeira de rodas, elevador e rampas; Áudio guias (português e inglês); Vídeo guias (Linguagem Gestual Portuguesa e Sistema de Signos Internacional); 17 Réplicas em relevo com legendagem em Braille.
ALMEIDA, José António Ferreira de [orientação e coord.], Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, Selecções do Reader´s Digest, 1976.
CABELLO, Jorge [autor, editor e coord.], Grandes Museus de Portugal, Lisboa, Público / Editorial Presença, 1992.