Património Material
Universidade de Coimbra
Em 22 de junho de 2013, a Universidade de Coimbra, a Alta e a Sofia foram integradas na lista de Património Mundial da UNESCO. Esta classificação diz respeito ao edificado, mas engloba também uma dimensão imaterial justificada pelo papel da Universidade de Coimbra como construtora e difusora, durante séculos, da língua e cultura portuguesas.
A sua história remonta ao século seguinte ao da própria fundação da nação portuguesa, dado que foi criada a 1 de março 1290, quando o Rei D. Dinis I assinou em Leiria o documento Scientiae thesaurus mirabilis, o qual criou a própria universidade, que foi intermediada e foi confirmada pelo Papa.
Fixada definitivamente em Coimbra em 1537, sete anos mais tarde todas as suas Faculdades se instalam no antigo Paço Real da Alcáçova (denominado Paço das Escolas após a sua aquisição pela Universidade de Coimbra em 1597). A bula do Papa Nicolau IV, datada de 9 de agosto de 1290, reconheceu o Estudo Geral, com as faculdades de Artes, Direito Canónico, Direito Civil e Medicina, reservando-se a Teologia aos conventos Dominicanos e Franciscanos.
A universidade, inicialmente instalada na zona do atual Largo do Carmo, em Lisboa, foi transferida para Coimbra, para o Paço Real da Alcáçova, em 1308. Voltou em 1338 para Lisboa, onde permaneceu até 1354, ano em que regressou para Coimbra. Ficou nesta cidade até 1377 e voltou de novo para Lisboa neste ano. Permaneceu em Lisboa até 1537, data em que foi transferida definitivamente para Coimbra, por ordem de D. João III. Sete anos mais tarde todas as suas Faculdades se instalam no histórico Paço Real da Alcáçova.
Data de 1597 a aquisição (a Dom Filipe I), pela Universidade de Coimbra, do Paço da Alcáçova, que a partir daí passou a designar-se Paço das Escolas (o centro histórico da Universidade). A universidade recebeu os seus primeiros estatutos em 1309, com o nome Charta magna privilegiorum. Os segundos estatutos foram outorgados no ano de 1431, durante o reinado de D. João I, com disposições sobre a frequência, exames, graus, propinas e ainda sobre o traje académico.
Já no reinado de D. Manuel I, em 1503, a Universidade recebeu os seus terceiros estatutos, desta vez com considerações sobre o reitor, disciplinas, salários dos mestres, provas acadêmicas e cerimônia do ato solene de doutoramento. Desde o reinado de D. Manuel I, todos os Reis de Portugal passaram a ter o título de «Protetores» da Universidade, podendo nomear os professores e emitir estatutos.
A Universidade de Coimbra desenvolve-se em torno de um grande pátio retangular, cuja entrada se faz pela Porta Férrea, edificada no séc. XVII, em substituição da antiga porta fortificada. Do seu lado direito, encontra-se a Via Latina, uma construção do séc. XVII, formada por uma coluna ao centro, de onde sai uma escadaria. Daqui é permitido aceder aos Gerais, um claustro de planta irregular e pisos sobrepostos.
Segue-se a Sala dos Capelos onde têm lugar as mais importantes cerimónias da vida académica, ornamentada por um conjunto de pinturas de cada um dos soberanos portugueses.
A Sala do Exame Privado, reformada nos finais do séc. XVII, apresenta um teto de pintura exuberante, retratos de vários reitores e excelente azulejaria. A Reitoria, objeto de grandes obras de beneficiação em 1733 é ricamente decorada e reflete o esplendor setecentista da Universidade. Num dos cantos do pátio está a famosa “Cabra”, torre sineira com relógio que, segundo a tradição, chamava os estudantes para as aulas.
A Biblioteca da Universidade foi acabada de construir em 1725, oito anos após a colocação da primeira pedra e constitui o expoente máximo da arquitetura joanina em Coimbra, sendo um exemplar de características únicas no país. O exterior sóbrio do edifício contrasta com a exuberância do seu interior.