Património Material
Torre de Centum Cellas
Construção romana, de granito, cuja função até há cerca de uma década permanecia incógnita; eram diversas as hipóteses então formuladas: vigia, torre central de um acampamento militar, prisão, templo, estalagem.
Atualmente sabe-se que se trata de um conjunto relativo a uma antiga villa romana, em cujas escavações foram dadas a conhecer estruturas de antigas construções e um número muito significativo de peças. Os elementos construtivos organizavam-se em redor da torre que constituiria o edifício central da villa.
Esta construção data do séc. I e mostra uma arquitetura simétrica com dois pisos elevados, tendo o edifício planta retangular com 11,5 metros por 8,5 metros, e 22 metros de altura, e os estudos efetuados no piso térreo revelado que este incluía diversas divisões. O andar superior era constituído por uma grande sala e incluía uma varanda com telheiro. Um frontão de forma triangular encimava a entrada.
O espaço a que corresponde a villa foi ocupado durante largo período, tendo as maiores alterações surgido no séc. III, ocasião em que se terá verificado um incêndio que obrigou a modificações no esquema residencial. Uma descoberta interessante corresponde a uma sala absidal que se pensa ter sido utilizada como local de culto aos deuses protetores da residência. A corroborar esta hipótese estão sete aras ornamentadas com inscrições aos deuses. Entre o espólio encontrado contam-se vários numismas, alguns deles em ouro, cujas datas compreendem o período que vai do séc. I ao séc. IV, e grande quantidade de cerâmica comum e sigilata.
Infelizmente, a área da villa, designadamente a pars rústica que correspondia às casas dos escravos e trabalhadores, bem como a fromentária (correspondente aos celeiros e adegas), foram em grande parte destruídas pelos trabalhos de lavoura. As termas muito provavelmente também terão sido destruídas por estas razões.
Segundo os investigadores, esta villa seria propriedade de pessoa importante que vivia de rendimentos derivados da exploração do minério (estanho) bastante comum nesta zona.
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ALMEIDA, José António Ferreira de (coord.), Tesouros Artísticos de Portugal, Selecções do Reader's Digest, Lisboa, 1982.
JORNAL DO FUNDÃO, nº 2715 de 4 de Setembro de 1998
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LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. I, Lisboa, IPPAR, 1993.