Património Material
Sé de Évora
Foi fundada em 1186 no local da primitiva mesquita árabe, durante a época de transição do românico para o gótico, e consagrada a Santa Maria em 1204.
Atribui-se a sua fundação ao bispo D. Paio, mas o embelezamento e finalização das obras datam da segunda metade do séc. XIII, do tempo do bispo D. Durando Paes.
Consiste num edifício de volumosa e austera construção de cantaria, com bela estrutura românica, da qual se salientam duas majestosas torres quadradas. O seu pórtico ogival encontra-se decorado com estátuas do Apostolado, em mármore.
O seu interior apresenta planta em cruz latina, sendo composto por três naves, a central com 70 m de comprimento (é a maior catedral do país), sendo divididas por arcarias sóbrias, com trifório. É iluminada, no cruzeiro, por um imponente zimbório octogonal de inspiração francesa de Poitou, e por rosáceas de decoração mística.
Na nave central destacam-se as raras imagens góticas de Nossa Senhora do Ó, medieval e esculpida em mármore policromado, e do Anjo da Anunciação, de madeira estofada, atribuída ao flamengo Olivier de Gand.
Em 1717, foi demolida a ábside gótica, tendo sido substituída por uma nova capela-mor, patrocinada por D. João V, obra monumental neo-clássica, projetada pelo arquiteto alemão Ludwig e concluída em 1746. Edificada em mármores alentejanos e italianos, aí trabalharam ilustres artistas nacionais e estrangeiros, entre os quais Manuel Dias, o Pai dos Cristos (notável Cristo que encima o altar), Bellini de Pádua (esculturas) e Agostino Masucci (pintura), de Roma.
Bastante valioso é o cadeiral do coro alto, esculpido com motivos inspirados em Rafael, bíblicos, mitológicos e hagiográficos, a partir de desenhos de Cornélio Boos, de Antuérpia (1562).
O grande órgão renascentista, do séc. XVIII, em carvalho, considerado o mais antigo da Europa, é contemporâneo do Coro. Foi restaurado em 1670 pelo organista Miguel Dias, em 1830 por Joaquim Maria Morte e em 1966 pelo organista holandês Flentop, trabalho financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian, a qual subsidia os concertos da Sé.
Notável é o pórtico da capela-tumular dos morgados do Esporão, obra proto-plateresca aberta no cruzeiro (1529-30).
Destaca-se, ainda, o seu notável claustro, edificado no séc. XIV (1328-40), com equilibradas proporções e linhas arquitetónicas.
Integrado na Sé encontra-se o valioso Arquivo Capitular, que remonta às origens da nacionalidade, e o Museu de Arte Sacra, inaugurado em Maio de 1983, durante as comemorações do VII Centenário da Fundação da Catedral. O museu encontra-se instalado em três salas da ala Norte, correspondente à torre românica, galerias altas da nave do Evangelho e à Casa do Tesouro.
ESPANCA, Túlio, Évora - Encontro com a Cidade, Câmara Municipal de Évora, Évora, 1988.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. I, Lisboa, IPPAR, 1993.