Património Material
Ruínas do Castelo de Salir
Conquistado aos mouros entre 1248 e 1249, o Castelo de Salir fez parte de um sistema defensivo regional, localizando-se numa elevação que domina a área circundante, sobretudo a parte meridional da Serra do Caldeirão. Segundo as crónicas da conquista do Algarve, terá sido em Salir que o exército do rei se reuniu com o mestre da Ordem de Santiago, D. Paio Peres Correia, uma vez que esta povoação se encontrava localizada em um lugar estratégico, praticamente no centro do território algarvio, entre a Serra e o Litoral, no local de confluência de antigas estradas. Após a conquista cristã, o castelo começa a perder a sua importância militar, iniciando-se o seu processo de ruína.
Os trabalhos de investigação arqueológica, conduzidos por Helena Catarino entre 1987 e 1998, revelaram uma muralha urbana bastante densa, tendo sido edificadas estruturas pertencentes a seis casas e dois arruamentos. Cada casa era composta por vários compartimentos, cada um com funções diferentes (cozinhas, salas, pátios).
No interior das casas existiam silos escavados na rocha destinados à armazenagem de alimentos. O solo destas habitações era maioritariamente em terra batida compactada com cal, com exceção dos pátios, os quais eram lajeados.
Sob a rua foi identificada uma canalização de saneamento, escavada no calcário e coberta com lajes de xisto argamassadas com cal, a qual servia as referidas habitações. Ao longo do pano da muralha existiam orifícios cuja função era de escoamento das águas para o exterior.
Estas casas terão funcionado durante os séculos XII e XIII, tendo sido abandonadas após a conquista cristã.
A fortificação foi edificada em taipa, com torres maciças de planta retangular, restando atualmente quatro torres bem conservadas.
Atualmente, na área musealizada, podem ver-se as ruínas das casas, com os silos escavados na rocha, os arruamentos e as canalizações, bem como um estreito passadiço ou adarve entre a muralha e algumas das habitações.
Com o propósito de valorizar as ruínas foi inaugurado em 2002 o Pólo Museológico de Salir onde se encontram expostos materiais recolhidos durante as escavações arqueológicas.
GUERREIRO, Luís, coord., Castelo de Salir. Loulé, Câmara Municipal, 2013.
CATARINO, Helena, Cerâmicas islâmicas do Castelo de Salir. Loulé, Museu Municipal, 1996.