Património Material
Paço dos Duques de Bragança
Construção mandada edificar, cerca de 1401, por D. Afonso, conde de Barcelos, filho bastardo de D. João I. O arquitecto das obras foi o francês Anton, que reflectiu neste paço a influência das edificações senhoriais normandas. Foi abandonado no séc. XVI devido à fixação dos duques de Bragança em Vila Viçosa. A sua fachada principal foi demolida no séc. XVII, sendo o paço restaurado em 1933. O edifício mostra uma mistura de elementos arquitectónicos, gótico-normandos, portugueses e lombardos. As quatro fachadas são reforçadas ao nível das cornijas por uma varanda de tipo lombardo. Outros aspectos são a forte inclinação dos telhados e as numerosas chaminés cilíndricas de tijolo. A entrada dá acesso a um claustro de estilo gótico, com quatro arcadas ogivais, sobre as quais, num alpendre, se pode ver o pórtico decorado da capela gótica. Podem ser vistas cópias das tapeçarias de Pastrana, expostas nas paredes do Salão dos Passos Perdidos; retratam o desembarque e o cerco de Arzila. Ainda nessa ala, podem admirar-se dois tapetes persas dos sécs. XV e XVII, mobiliário português do séc. XVII, e cerâmicas, entre outras, da Companhia das Índias. Digna de interesse é, também, a sala de armas. Na sala de banquetes salienta-se o tecto, mobiliário português, faianças orientais e, ainda, uma outra tapeçaria de Pastrana alusiva ao assalto da praça referida. A sala da copa exibe três tapeçarias flamengas, setecentistas, contadores de marfim e uma imagem quatrocentista, em pedra de Ançã. Na sala de jantar, mobiliário holandês, seiscentista e setecentista, uma tapeçaria de Gobelins, e vários quadros, uns da autoria de Recco, e outros atribuídos a Josefa de Óbidos. O salão de recepções, possui, também, uma tapeçaria da colecção de Pastrana, com a entrada de D. João I em Tânger. Esta divisão é preenchida com móveis e faianças seiscentistas e setecentistas. No quarto de dormir, destaca-se o tecto pintado, o mobiliário do séc. XVII e XVIII, e os tapetes árabes. A sala de Cipião e Aníbal, deve a sua designação, à representação das Guerras Púnicas, patente nas tapeçarias flamengas, do séc. XVII, ali expostas. A Sala de S. Miguel ostenta contadores de marfim, hispano-árabes, e uma imagem, em calcário, de S. Miguel Arcanjo. De realçar, por fim, na Sala de D. Catarina de Bragança, um retrato desta figura, e uma pintura de Josefa de Óbidos, com a representação do Cordeiro Pascal; do seu recheio faz parte, ainda, uma tapeçaria flamenga quinhentista.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. I, IPPAR, Lisboa, 1993.
OLIVEIRA, Manuel Alves de, Guia Turístico de Portugal de A a Z, Lisboa, Círculo de Leitores, 1990.