Património Material
Paço de São Vicente, (não abrange a cerca)
O Mosteiro e a Igreja de São Vicente fazem parte do conjunto que pertenceu aos cónegos regrantes de Santo Agostinho. Em 1582 D. Filipe I mandou arrasar a primitiva construção, edificando o que actualmente se observa. O Convento é da autoria de Leonardo Turriano, Baltazar Álvares, Pedro Nunes Tinoco e João Nunes Tinoco. A sacristia foi projectada por Luis Nunes Tinoco, enquanto que as esculturas ficaram a cargo de Claude Laparde. Após a expulsão das ordens religiosas em 1834, a zona conventual foi transformada em paço episcopal e no séc. XIX, no antigo refeitório dos monges instalou-se o Panteão da Casa de Bragança. Nos anos 40 do séc. XX foram ocupadas algumas dependências conventuais pelo Liceu Gil Vicente, e em 1952 a antiga Sala do Capítulo foi adaptada em Panteão dos Patriarcas.
O acesso aos claustros e dependências conventuais faz pela Igreja ou por um portal da fachada lateral. A planta é composta por vários volumes articulados com cobertura de quatro águas. O alçado principal a oeste é de corpo único e de um só andar destacando-se dele o portal seiscentista que forma um arco, ladeado por pilastras caneladas que terminam em acrotérios, articulando-se assim com uma janela de sacada coroada por pedra de armas do reino. À direita do portal sucedem-se quatro janelas, idênticas e à esquerda, um nicho, alberga a imagem em pedra de Santo Onofre, assim como medalhões e capitéis decorados com a emblemática de São Vicente e de São Sebastião. Transpondo o portal tem-se acesso à Sala da Portaria, compartimento quadrangular com tecto pintado, da autoria de Vicenzo Baccarelli e datado de 1710, representando o Triunfo da Igreja contra os Maniqeus, tendo como figura central Santo Agostinho. Existem ainda azulejos joaninos, uns figurando cenas históricas, outros relacionados com a fundação do mosteiro, além de uma teia de embrechados polícromos com balaustrada torneada a pau santo. Pela Portaria tem-se acesso à galeria, e por ela chega-se aos claustros, ambos quadrangulares. Neles destacam-se os azulejos que revestem os muros totalizando um conjunto de 81 painéis da 1ª metade do séc. XVIII, de temática variada: paisagens campestres, marítimas, pastoris, cenas de fábulas de La Fontaine. Entre os dois claustros situa-se a sacristia, cujo acesso se faz por um portal ladeado de pilastras e encimado por um frontão que apresenta as armas reais. A sacristia é um compartimento rectangular, revestido a mármore polícromo, ostentando no tecto uma composição pictórica de autor desconhecido. Nela estão guardadas as alfaias religiosas. O retábulo do altar tem uma representação da "Assunção da Virgem" de André Gonçalves. Outras dependências conventuais são igualmente decoradas a azulejos azuis e brancos do período joanino, realçando-se a composição dos alizares das escadarias que conduzem à torre e aos antigos Paços Episcopais, bem como um painel de azulejos representando um cortejo episcopal situado nos terraços do patamar dos claustros.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. II, Lisboa, IPPAR, 1993.
SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (dir.), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, Carlos quintas & Associados - consultores, Lda. 1994.