Património Material
Paço Real de Caxias
A classificação diz respeito aos jardins, esculturas e duas salas com os tectos e as paredes completamente decoradas com pinturas. As obras do Paço Real de Caxias, dos inícios de setecentos, foram ordenadas pelo infante D. Francisco, irmão de D. João V, vindo o palácio a ser concluído pelo seu sobrinho, o infante D. Pedro (futuro marido da rainha D. Maria I). De modesta aparência, esconde a sua magnificência na Quinta de Recreio. Esta propriedade, rasgada por uma malha geométrica e entre muros onde se ragavam os portões gradeados da Cartuxa e do Forte de São Bruno, tinha funções de lazer e ao mesmo tempo produtiva. Em 1983, foi estabelecido um protocolo com o Instituto dos Altos Estudois Militares, que teve como finalidade acabar com a deterioração e vandalismo de que vinha sendo alvo o grande jardim setecentista, e permitir a utilização do mesmo pelo público. De salientar os canteiros de buxo, bem delineados ao gosto dos "parterres" franceses tecidos de modo a lembrar tapeçarias onde se destacam volutas e flores de liz, convergindo para a maravilhosa cascata com um lago central e as várias estátuas mitológicas de Machado de Castro - a Deusa Diana, o seu amado pastor Endimião e o pastor Atião. O conjunto prolonga-se em socalcos e túneis interiores, formando labirintos de agradável frescura nos dias quentes, sendo a panorâmica envolvente de grande beleza, sobressaindo a fachada do Convento da Cartuxa ou o Bugio e a Barra do Tejo. A água dos repuxos da cascata e dos lagos é trazida através de um percurso de vários quilómetros, desde Queijas até ao tanque que abastece o jardim.
DIAS, Rodrigo, "Quinta Real de Caxias, Jardim da Cascata - séc. XVIII, Jardim histórico em recuperação", in Revista Municipal, Câmara Municipal de Oeiras, Janeiro a Junho de 1986.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. II, Lisboa, IPPAR, 1993.