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Património Material

Palácio dos antigos Condes de Basto

Distrito: Évora
Concelho: Évora

Tipo de Património
Património Material
Classificação
Monumento Nacional
Proteção Jurídica
Decreto nº 8218 de 29-06-1922.
Identificação Patrimonial
Monumento/Edifício
Época(s) Dominante(s)
Moderna (Séc. XV a XVIII)
Tipologia original
Arquitectura Doméstica - Palácio
Valor patrimonial
Valor Artístico, Valor Histórico
Estilo(s)
Gótico, Manuelino, Mudéjar, Renascença, Maneirismo
Áreas Artísticas
Arquitectura Civil, Pintura
Uso atual
Residência da Condessa Vil' Alva; Fundação Eugénio de Almeida
Descrição

Originalmente um alcazar mourisco foi cedido por D. Afonso Henriques em 1167 após a conquista da cidade por Geraldo Sem Pavor, aos freires de Évora-Avis (Ordem de S. Bento de Calatrava).
A partir de 1220 foi reintegrado na Coroa como paço régio, tendo servido de pousada a todos os reis que aí viveram até D. Duarte e de quartel-general ao Condestável D. Nuno Álvares, fronteiro-mor do Alentejo, durante a guerra da Independência (1383-85), entre outras figuras ilustres.
D. Afonso V cedeu este espaço a D. Diogo de Castro, capitão de ginetes da comarca, tendo seu filho, D. Fernão de Castro, enriquecido com obras de arquitetura monumental, misturando os estilos gótico, manuelino, mudéjar, renascentista e maneirista.
Foi a partir do reinado de Filipe II de Espanha, que aí viveu, que este paço passou a ser designado por Paço dos Condes de Basto, por D. Diogo de Castro, partidário da ocupação espanhola.
Palácio de aspeto acastelado, encontra-se assente sobre a muralha romano-visigótica dos séculos III-IV da Era Cristã, conservando a Torre de Sertório.

O edifício está disposto em pavilhões de várias épocas e dimensões, salientando-se as suas belas janelas geminadas em estilo mudéjar, em arco de ferradura, de tijolo, sobrepujadas por um friso de esgravitos de inspiração mudéjar, e duas interessantes galerias de arcadas clássicas, com colunelos quinhentistas em mármore. Obras efetuadas durante os reinados de D. Manuel e de D. João III alteraram bastante as fachadas principais, abertas ao amplo pátio interior, tendo perdido o seu caráter gótico, limitado até aí a dois portais de arcos quebrados e uma fresta.
A escada principal tem um notável arranque e é dominada por um amplo arco gótico, ornado por elegante liteira, finalizando num belo patim superior enobrecido com colunata.
No andar térreo estão salas magestosas, reformuladas durante o reinado de D. Sebastião, nas quais se destacam diversas pinturas murais em estilo renascença e outras maneiristas, de inspiração flamenga, com temática mitológica ou histórica, como as pinturas da sala das Virtudes, assinadas por Francisco de Campos (1578); as da cornija da escadaria representam Diana, deusa da caça, Perseu, Andrómeda e o cavalo alado Pegasso, de Neptuno, além de figuras alegóricas às Artes e Poesia que, apesar das suas características renascentistas, supõe-se terem sido reparadas em 1691, pelos pintores eborenses Francisco Lopes Mendes e Diogo Rodrigues Pinto.
Na sala de jantar apareceu, integrada na parede, uma porta gótica do séc. XV e dois tramos arquitravados de colunata com decoração mudéjar. O seu teto está revestido com pinturas a fresco, com diversos temas, desde os robustos meninos com animais e cornucópias, aos guerreiros, às figuras mitológicas e a cenas de históricos combates navais da conquista de Túnis (1535).
Robustas colunas toscanas de granito suportam as cargas da estrutura dos quatro tramos em que se divide a ampla Sala das Audiências, cujo teto cobre os seus 135 m2 de superfície com grandes caixotões em forma de losango pintados com grande profusão de temas (militares, míticos, zoomórficos, antropomórficos e naturalistas) que, pela sua diversidade plástica e temática, revelam ter tido outras mãos além das de Francisco de Campos, possivelmente dos continuadores da sua obra, quando faleceu.
Na parte exterior de um ângulo desta sala encontra-se uma escada helicoidal inscrita no torreão cilíndrico erguido no jardim (apoiado à muralha e adossado à parede mestra do palácio), a qual liga diretamente o jardim à Sala de Armas, no piso superior. No exterior da muralha que se integrava na cerca velha ainda se podem vêr fiadas de silharia romana e visigótica. Ainda na Sala das Audiências, o antigo oratório do palácio comunicava diretamente com ela, erguido sobre o socalco de um cubelo do séc. XVI, através de uma bela porta de ajimez (dois arcos de ferradura divididos por um esbelto colunelo) e com teto em abóbada semiesférica. Com uma área semelhante, a Sala de Armas recebe luz natural através de três janelas geminadas que valorizam este nobre e amplo espaço do início do séc. XVI, em estilo manuelino-mudéjar. Nesta sala encontraram-se D. João IV e o príncipe real D. Teodósio com o Conselho de Guerra por duas ocasiões, para planificarem possíveis invasões de Espanha, na altura em guerra contra o nosso país.
O corpo do lado Sul é um acrescento do séc. XVII.
Numa casas que pertenceram a um cónego da catedral, adquiridas e anexadas ao conjunto palaciano pelos condes de Basto durante o reinado de D. Sebastião foram, mais tarde, utilizadas como aposentos de familiares ou para hóspedes. São belos exemplos de arquitetura do gótico final e do início da Renascença, com alguns elementos mudéjares.

Neste edifício funcionou a antiga sede da Cavalaria de S. Bento de Calatrava (Avis), a qual fundou a capela de S. Miguel, tendo sido este paço residência régia.
Propriedade dos capitães-mor de Évora e ao serviço da Corte, este palácio terá sido, em meados do séc. XV, a um prestigiado militar, Diogo de Castro, o Velho, capitão de cavaleiros nas campanhas do Norte de África e na Batalha de Toro.
O edifício manteve-se na família dos Castros, a quem também caberia o cargo de capitão de Évora. Fernando de Castro recebeu o primeiro título de conde de Basto por mercê de Filipe II de Espanha, em 1572. D. Diogo de Castro foi o 2º conde de Basto, desembargador do Paço e vice-rei de Portugal, cavaleiro que veio a sofrer bastante durante o desempenho de tal cargo. O terceiro e último conde, Lourenço Pires de Castro, faleceu na Catalunha, em 1642, ao combater integrado no exército do rei de Espanha, Filipe IV.
Viveram-se neste palácio conturbados e, por vezes, dramáticos dias no final do domínio filipino, quando o 2º conde de Basto assumia o mais alto cargo político que um português podia alcançar mas, que era mais duro que honroso.
Mais tarde, em vésperas da Revolução de 1640, a família dos condes de Basto partiu para Espanha e, aos poucos, o palácio foi-se degradando, embora em pontuais ocasiões em que era utilizado recebesse alguma atenção.
Este palácio alojou hóspedes de renome, entre os quais se destacam os reis D. João III, D. Sebastião (estudou na Universidade de Évora), Filipe II e Filipe III de Espanha, D. João IV e o príncipe e general espanhol Juan de Áustria, comandante do exército invasor que temporariamente ocupou a cidade em 1663, assim como a rainha de Inglaterra D. Catarina de Bragança, filha de D. João IV, esposa do rei Carlos II.
O antigo edifício, em acentuado estado de degradação, foi vendido a Vicente Rodrigues Ruivo, no final do séc. XIX, que a habitou com sua filha D. Oliva Fernandes. Eram herdeiros desta última os proprietários que venderam o histórico palácio ao engenheiro Vasco Vil' Alva, que lhe retomou o seu caráter original. 

O Paço dos Condes de Basto continua a ser utilizado como residência da Senhora D. Maria Teresa Eugénio de Almeida, em Évora. A par desta função, e na sequência da intervenção de conservação e reabilitação inscrita no âmbito do Projeto Acrópole XXI, o edifício classificado como Monumento Nacional abrirá também as suas portas ao público no ano de 2013, seguindo um programa de visitas.

Núcleos mais importantes
Pinturas murais de Francisco Campos, de 1578.
Programas e Projetos
Integrado em área inscrita na Lista da UNESCO.
Morada
Pátio de S. Miguel, Freguesia da Sé e São Pedro
7000-812
ÉVORA
Bibliografia

ALVES, Afonso Manuel, Évora a Cal e a Pedra, Publicações D. Quixote, Lisboa, 1990.

ESPANCA, Túlio, Évora - Encontro com a Cidade, Câmara Municipal de Évora, Évora, 1988.

GIL, Júlio, Os mais belos palácios de Portugal, Verbo, Lisboa/São Paulo, 1992.

LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitetónico e Arqueológico - inventário, vol. I, IPPAR, Lisboa, 1993.

Data de atualização
19/12/2012
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