Património Material
Palácio dos Marqueses de Abrantes
O seu núcleo primitivo está ligado ao Paço Real de Santos-o-Novo, remontando a construção ao séc. XV. Serviu de residência régia até 1578, tendo caído depois no abandono. Em 1629 D. Francisco Luís de Lencastre introduziu-lhe várias transformações, destacando-se a construção da Capela. Mais tarde, em 1711, realizam-se obras no palácio, sob a direcção do arquitecto João Antunes.
O Palácio foi arrendado por diversas vezes, tendo sido adquirido em 1911 pelo Governo Francês que em 1948 o converteu em Embaixada.
O edifício apresenta uma planta em L, acompanhando a Calçada Marquês de Abrantes por onde se tem acesso ao seu interior, e por alas que ladeiam o pátio e o jardim. A fachada principal é delimitada por pilastras, tendo cada corpo janelas falsas ao nível do piso térreo e janelas de sacada no piso superior. O portal nobre é emoldurado de cantaria. As fachadas laterais têm dez janelas de sacada com gradeamento setecentista no primeiro piso e janelas falsas no piso térreo. O lado poente é mais estreito tendo somente duas janelas de sacada e duas falsas. Por um passadiço tem-se acesso ao pátio rectangular, sendo a face sul rasgada por oito janelas de sacada e oito de peitoril, e rasgada no lado norte por um arco.
No interior há que destacar diversas dependências. O vestíbulo tem tecto de abobadilha de aresta suave, pavimento empedrado de pedra rolada e de paredes revestidas de silhares de azulejo monócromos de tipo tapete. O átrio com tecto de estuque é ornamentado com pinturas de aves. A Sala da Música tem quatro portas que dão para o jardim superior. O seu tecto é revestido de pinturas representando Juno e Vulcano enquanto que as paredes possuem grinaldas, motivos musicais, frutos e peixes. O Salão Nobre ostenta um tecto em abobada de arco com pinturas de figuras mitológicas e alegóricas. A Sala de Jantar tem o tecto abaulado, de estuque, com um painel alegórico ao centro. A Sala das Louças (antiga Sala de Chá) possui tecto apainelado em cúpula piramidal, totalmente revestido por porcelanas e faianças do Japão e da Índia, de tons azulados e com as faces ornamentadas a talha dourada. Um friso de azulejos circunda a base da cúpula, sendo a sanca igualmente revestida de louças orientais. A Capela de carácter seiscentista tem uma nave e capela-mor. O tecto é decorado com cenas do Pentecostes, e o altar é guarnecido a talha dourada, possuindo uma tábua figurando passos da vida de Cristo e da Virgem. O arco de madeira da capela-mor é ornamentado de pinturas. O corpo da capela é enriquecido por azulejos seiscentistas com representação da Fuga para o Egipto. As portas que ladeiam o altar são decoradas a talha dourada. Na Sacristia vê-se um Anjo do Silêncio em azulejo. O tecto é de madeira com pinturas de motivos eucarísticos. O revestimento das paredes é feito a azulejos seiscentistas representando grandes cordas entrelaçadas. O chão é de tijoleira portuguesa.
Os jardins do palácio incluem uma grande diversidade de flora, e encontram-se dispostos em três patamares. No jardim superior encontra-se uma mesa com tampo de mármore e quatro pés de pedra. O jardim inferior, contíguo ao superior, é amparado por uma gigantesca muralha. O terceiro jardim situa-se ao lado do anterior, mas num plano mais elevado.
Em 1937 foram edificadas as dependências do Instituto Francês em corpo acrescentado à ala O.
Em 1995-96 - efectuou-se a recuperação das pinturas que decoravam as salas.
FERREIRA, Fátima Cordeiro G. ; CARVALHO, José Silva ; PONTE, Teresa Nunes da (coord.), Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa , Lisboa, Associação dos Arquitectos Portugueses, 1987.
SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (Dir.), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, Carlos Quintas & Associados - consultores, Lda., 1994.