Património Material
Palácio dos Condes de Almada
O Palácio dos Condes de Almada, conhecido desde 1940 como Palácio da Independência, foi fundado por D. Fernando de Almada - 2º conde de Abranches, em 1467. O edifício encontra-se profundamente enraízado na História de Portugal, tendo sido palco de importantes factos da vida política portuguesa. Foi neste local que fidalgos patriotas realizaram reuniões que culminariam na Restauração da Independência, em 1 de Dezembro de 1640.
O palácio ergueu-se sobre casas antigas e, no séc. XVIII, beneficiou de obras de remodelação e embelezamento. As obras realizadas em 1940 produziram inúmeras alterações no palácio, tendo sido preconizadas no sentido de nobilitar o edifício, de acordo com os ideais do Estado Novo em relação ao património artístico português. Da primitiva construção seiscentista subsistem duas chaminés - que simbolizaram durante muito tempo a Restauração - e dois portais, no patamar da escadaria que conduz ao andar nobre.
O Palácio dos Condes de Almada possui planta rectangular irregular, composta por vários corpos interligados. Nos alçados de dois e três pisos, inscrevem-se janelas simples, possuindo o palácio um conjunto de onze varandas. A fachada principal, orientada a sul, é composta por dois pisos e está antecedida por um terreiro guarnecido de uma cortina de gradeamento, formando um semi-círculo. O portal seiscentista é encimado por uma varanda balaustrada, sobre a qual se inscreve o brasão de armas dos Almadas e Abranches. O portal é seguido de três arcos de volta abatida que dão acesso ao pátio central. Na face poente do pátio inscreve-se um duplo portal, com quatro colunas e verga de relevo arquitectónico, encimado por quatro janelas, que dá acesso ao espaço interior; a nascente, encontra-se uma escadaria exterior, construída em 1940. As escadas atingem um terraço que tem por fundo o pano exterior da primitiva cozinha donde se elevam as duas chaminés, constituídas por duas pirâmides octogonais e encimadas por ameias; no interior das chaminés chegaram a habitar várias famílias. Na parede da face oeste do pátio encontra-se uma lápide onde está escrito A Colónia Portuguesa no Brasil adquiriu e doou ao Estado este Palácio - MCMXLV . A face norte do pátio é servida por escada que dá acesso a um pátio interior, no andar superior, onde se inscrevem duas portas manuelinas. Através deste pátio alcança-se o espaço ocupado pelos antigos jardins e que é actualmente ocupado por um barracão em ruínas, que foi uma Central Eléctrica. Junto á muralha fernandina, que se encontra ao fundo, está o sítio onde se reuniam os Conjurados de 1640; é aqui que se inscreve uma fonte constituída por uma pia manuelina encimada por uma bica de pedra, representando o rosto de um anjo.
O palácio é rico em azulejaria dos séculos XVII e XVIII, sendo de destacar os painéis, da autoria de Gabriel del Barco, que se inscrevem no pátio superior, servindo como espaldar a bancos; representam caçadas e são articulados com cercaduras. Podem ainda observar-se revestimentos de azulejaria não figurativa, de padronagem, albarradas e figura avulsa, dos finais do séc. XVII. É na biblioteca que se concentra o espólio de azulejaria do Palácio dos Condes de Almada, com representações mitológicas, da Antiguidade, painéis profanos, entre outros. No antigo jardim das traseiras do palácio, encontram-se azulejos "rocócó", datados de 1774, que relatam vários acontecimentos da Restauração.
Actualmente o edifício encontra-se sobre a tutela da Sociedade Histórica da Independência de Portugal.
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