Património Material
Palácio dos Arcos
As primeiras informações relativas a Paço de Arcos reportam-se aos inícios de seiscentos, conforme se pode ler no «Livro Truncado da Receita e Despesa» de André Gonçalves; a menção do topónimo leva a deduzir que o mesmo já existia, a partir possivelmente do edifício que esteve na sua origem, e que é descrito, posteriormente (1762/63), como propriedade urbana, para efeitos patrimoniais. Em 1862, há informação da existência de um palácio com dois torreões e tendo ao centro deles uma ampla varanda assente em três arcos de grandes dimensões, sendo dada ainda informação de que o edifício fora alvo de várias reedificações. Luciano Cordeiro refere, no final de oitocentos, que era possível observarem-se vestígios quinhentistas, nalgumas partes mais antigas do edifício. Em 1936, outro estudioso - Leite de Vasconcelos, acrescenta mais alguns dados, ao referir que o nome de Paço de Arcos já figurava em documentos particulares do final de quatrocentos; vivia o fidalgo D. Antão Martins Homem (foi 2º capitão da Vila da Praia) e senhor da propriedade hoje representada pelo palácio. Alguns autores, como Anne de Stoop (1986), afirmam que aquela foi dada ao nobre, pelo rei D. Afonso V, que ali ia caçar. O que se sabe ao certo, é que, na actual construção, nada existe que seja anterior a setecentos. A atestar o quanto antiga é a data da primitiva construção, nas «Memórias da Linha de Cascais», há a referência de que D. Manuel I por diversas vezes se terá hospedado no palácio e caçado na respectiva quinta. Em 1961, Pereira da Silva refere que do antigo palácio só restava a capela, os arcos e a varanda, e esclarecendo que o edifíco actual é uma reconstrução setecentista, que teve o cuidado de manter as "linhas quinhentistas". Convém referir, que ao contrário do que é corrente pensar-se, O Palácio de Arcos, nunca esteve relacionado com o 1º conde de Paço de Arcos - Carlos Eugénio Correia da Silva, nem tão pouco, com os condes dos Arcos, que tinham ligação com Arcos de Valdevez. Ao longo dos tempos, a construção foi lugar de repouso e distracção, não tendo como objectivo a primeira habitação. Outro dado curioso, é o facto de nunca ter sido alvo de contrato de compra e venda, foi transmitida por sucessão por catorze vezes, duas por legado régio a D. Cristóvão de Moura e a D. Bernarda Ferreira de Lacerda, e uma por doação entre particulares, a D. Jorge Henriques Pereira de Faria.
GONÇALVES, Rogério de Oliveira, O Palácio dos Arcos - Meio Milénio, Câmara Municipal de Oeiras, 1989.