Património Material
Palácio de Palhavã
Mandado construir por D. Luís da Silveira, o palácio, conhecido durante um longo período como Palácio de Sarzedas, data do séc. XVII e funcionou como mansão real. Danificado pelas invasões francesas, o edifício foi palco das lutas liberais. No 1º quartel do séc. XX, em 1918, foi adquirido pelo Governo Espanhol, sendo instalada no local a delegação do país. Com a aquisição do edifício pelos espanhóis, o palácio e os jardins beneficiaram de obras e a zona habitacional foi enriquecida com móveis, tapetes e tapeçarias pertencentes ao Museu do Prado. Em Setembro de 1975 a embaixada foi assaltada (na sequência das manifestações de protesto contra a condenação à morte, dada por Franco, a dois activistas políticos) desaparecendo todo o seu recheio. O conjunto acabou por ser recuperado, predominando na configuração actual os materiais portugueses.
O portão de acesso ao edifício está enquadrado por mármores almofadados, com entablamento de friso decorado com triglifos, e é rematado por frontão curvo interrompido, ladeado por figuras simbólicas da justiça e da prudência, as quais acompanham o brasão de armas da Casa da Azambuja. O portão dá para o pátio de honra de onde se observa, a norte, o palácio, a sul, uma construção destinada às cavalariças e às dependências de serviço, e, a poente, o muro de suporte do jardim. No centro do terreiro observa-se uma escultura italiana de mármore; a estatuária italiana de temas mitológicos ornamenta também os jardins, nos quais se inscreve em enfiamento longitudinal três fontes embelezadas com esculturas italianas, em mármore branco, articuladas com árvores. O palácio, de um só andar, apresenta uma estrutura quadrada. A fachada do palácio, que dá para o lado norte do pátio de honra, está dividida em três corpos. No corpo central, recuado em relação aos laterais, inscreve-se a porta principal do palácio, sendo antecedida por um patamar servido por duas escadas largas, convergentes e com balaustradas; esta entrada é coberta por uma extensão do telhado assente em arcos abatidos e colunas. Os corpos laterais, com pilastras de cantaria, possuem telhados em pirâmide, que se encontram articulados com dois torreões situados nos ângulos do rectângulo formado pelo edifício. A frontaria, a nascente é rasgada por oito janelas de sacada, balaustradas nas sacadas e rematadas por cornijas clássicas. Adossada a esta fachada está a frontaria da capela de composição maneirista.
No espaço interior destaca-se: a entrada principal na qual se inscreve um bufete português do séc. XVIII em pau santo, um contador italiano e telas da escola flamenga do séc. XVII sob o tema das parábolas divinas; o Salão Amarelo onde se podem observar quatro tapeçarias murais do séc. XVII; o Salão Vermelho decorado com uma colecção de quadros de Brambilla dos meados do séc. XVII; a Sala de Jantar dominada por duas tapeçarias feitas sobre cartões de Goya; as Salas de Receber, a Sala de Música e o Grande Salão.
GIL, Júlio, Os Mais Belos Palácios de Portugal, Editorial Verbo, 1992, Lisboa.
SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (dir.), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, Carlos Quintas & Associados - Consultores, Lda., 1994.