Património Material
Palácio dos Condes de Anadia
Este palácio salienta-se, entre as casas solarengas do país, pela sua grandiosidade sem precedentes. É, igualmente, conhecido por Palácio dos Pais de Amaral e lembra, pela sua traça, obras de arquitectura italiana, tão vasto como harmonioso é todo o conjunto da construção. É considerada a mais sumptuosa residência da Beira, apresentando as quatro fachadas completamente desiguais. A fachada principal tem amplas janelas no andar nobre, emolduradas no mais fino granito, com um delicado ornato em forma de concha, imprimindo a clássica nobreza das construções seiscentistas. Sobre o pórtico principal existe uma varanda rendilhada em granito, o que torna o edifício mais imponente e sumptuoso. As outras três faces do edifício, diferentes na sua concepção, não deixam de exprimir a mesma beleza da fachada principal. No entanto, é o lado sul do edifício que mais se destaca; o acesso faz-se por dois braços de escadaria em arco de ogiva que vão terminar num pequeno átrio no 1º andar. É notório o carácter italiano imprimido à parte superior, pela varanda dividida em quatro partes, separada por três colunatas ligadas entre si por arcos abatidos, e ainda pela pintura mural da mesma varanda com características italianas do séc.XVIII. A fachada nascente já é moldada num estilo diferente, com preocupações de castelo senhorial. A fachada norte abre-se sobre jardins e pomares, e apresenta uma arquitectura simples, toda rasgada em largas janelas e portas envidraçadas. A traça interna do edifício faz lembrar não um solar de província mas uma residência de príncipes, com amplos e sumptuosos salões, de tectos apainelados, alguns deles dourados e outros apenas com aparelho branco. Contudo, a parte mais impressionante do palácio é a sua entrada. O átrio é grandioso e está todo ornado de ricos painéis de azulejos, talvez da fábrica do Rato. Quem entra no palácio pelo pórtico principal dá-se conta da sua grandeza e imponência, servindo de remate as delicadas linhas dum extenso arco abatido. Ao palácio fica adjacente uma grande quinta com pomares, jardins, estufas e largos campos de sementeira, ficando contígua a esta uma extensa mata. Tem uma capela anexa ao palácio, cujo órago é S. Bernardo, de construção anterior ao palácio (meados do séc.XVII), reedificada em 1683 por Miguel Pais do Amaral, tendo-lhe mandado construir a capela-mor. Sofreu, ainda, alterações em 1790 e 1812-1819.
ALVES, Alexandre, "O Palácio dos Pais de Amaral", Mangualde, 1965.
CARDOSO, Anabela dos Santos Ramos, "Casas Solarengas no Concelho de Mangualde", Mangualde, 1994.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. III, Lisboa, IPPAR, 1993.
SILVA, Valentim, " Monografia do Concelho de Mangualde", Mangualde, [s.d.].