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Património Material

Igreja do Convento de Santa Marta

Distrito: Lisboa
Concelho: Lisboa

Tipo de Património
Património Material
Classificação
Imóvel de Interesse Público
Proteção Jurídica
Decreto nº 35 532, DG 55, de 15-03-1946, ZEP DR (I Série-B), n.º 228, de 01-10-1996, portaria n.º 529/96
Identificação Patrimonial
Monumento/Edifício
Época(s) Dominante(s)
Moderna (Séc. XVII a XVIII)
Tipologia original
Arquitectura Religiosa - Igreja
Valor patrimonial
Valor Artístico
Estilo(s)
Maneirismo, Barroco
Áreas Artísticas
Azulejaria
Descrição

O convento foi construído em 1612 no local do antigo mosteiro das Religiosas Franciscanas Claustrais da Segunda Regra (Urbanistas) da invocação de Santa Marta, que tinha sido erigido em 1583. Parcialmente modificado, forma ainda hoje o principal núcleo do conjunto de edifícios que constituem o Hospital de Santa Marta. Do seu notável conjunto de arquitectura maneirista destacam-se o Claustro, a Casa do Capítulo e a Igreja. Todo o mosteiro foi um imenso repositório de azulejaria, contando actualmente com magníficos azulejos dos séculos XVII e XVIII.

Na fachada lateral abre-se a porta principal do templo, com acesso por uma escadaria de dois lances simétricos paralelos à fachada e ligados ao piso superior por um longo tabuleiro que por uma porta dá igualmente serventia ao Palácio dos Condes de Redondo. Embora prejudicada pela sobreposição parcial do vizinho palácio que lhe ocultou o transepto e piorou a iluminação da capela-mor, esta fachada merece ainda assim atenção dada a beleza da sua estrutura. Dois andares bem definidos por cornija correspondem às capelas laterais da nave e às janelas das mesmas. Cada tramo é separado por pilastras toscanas, cujos capitéis se integram na referida cornija. As pilastras prolongam-se para o topo formando gigantes que amparam a abóbada. No eixo da composição abre-se o portal, cujas ombreiras e verga se enquadram numa moldura formada por pilastras toscanas e arquitrave, ostentando o friso a data de 1630. A cornija saliente é a base de um frontão triangular, aberto no vértice, sobrepujado por acrotérios laterais, e coroado por pequena esfera.
O portal não tem actual serventia; a entrada do hospital faz-se por uma abertura a sul, que através de uma rampa nos conduz à portaria. Daqui passa-se para o claustro, em estilo maneirista, onde os elementos estruturais de arcadas são idênticos aos da fachada da igreja. Cada arco articula-se com os arcos adjacentes por pilastras toscanas que rompem do chão até à cimalha do terraço, defendido por uma grade forjada, e definindo um tramo quadrado coberto de abóbada de aresta limitado por arcos torais, de perfil rectangular, apoiados em mísulas pouco salientes. A relativa severidade da arquitectura do claustro é compensada pelo elegante chafariz setecentista e pela abundante decoração em azulejo, do nível térreo e do terraço. Os azulejos do andar térreo formam lambris representando cestos com frutas, flores e jarras guarnecidas de cercadura de volutas, datados do princípio de setecentos. Posteriormente foram adicionados remates recortados simulando frontões de molduração barroca tardia com anjos e urnas ornamentais. As decorações do terraço são igualmente dessa época.
Em patamares da escada do claustro ao terraço encontram-se dois painéis policromos, um com motivo alegórico à Primavera, outro com motivo religioso (São Miguel), datados provavelmente do terceiro quartel do séc. XVIII. No entanto a colecção mais notável de azulejaria setecentista encontra-se na antiga sala do Capítulo. Trata-se de uma sala rectangular, cuja abóbada abatida com penetrações nos eixos das aberturas deve ter sido pintada. As paredes norte, sul e nascente são completamente revestidas a azulejos azuis e brancos de 1730/40; em quadros justapostos com elaborados desenhos contando a história da vida de São Francisco.
No conjunto de azulejaria, são da época seiscentista os que pela variedade de padrões e raridade constituem o núcleo mais importante, apesar de se apresentarem delapidados e em certos casos deslocados do seu primitivo local. Supõe-se que a partir do corredor do claustro passando pelo coro baixo e indo até à igreja todas as paredes continham azulejos de tapete policromos até à formação das abóbadas; enquanto que os das capelas laterais revestiam totalmente as paredes. Infelizmente os da capela-mor foram danificados por um incêndio.

A igreja do Mosteiro de Santa Marta tem nave única com abóbada de volta perfeita, e uma capela-mor, menos elevada que a nave, com abóbada de aresta. O arco do triunfo, os arcos do transepto e das capelas laterais são igualmente de volta perfeita sobre pilastras toscanas. A partir do corredor que vem do claustro o acesso à nave faz-se por alguns degraus na face fronteira ao altar-mor. A parte central desta face é ocupada por grades que defendem o coro alto e o coro baixo. Entre as duas primeiras capelas laterais vê-se a bacia do púlpito. O lado do Evangelho é simétrico em relação ao da Epístola; porém a primeira capela está substituída pelo portal que dá para a rua de Santa Marta. No lado direito da capela-mor restam partes do resvestimento de azulejo policromo de padrão diagonal. Na face oposta foi aberta uma tribuna para a rainha Dona Catarina (que vivia no Palácio Condes de Redondo) assistir à missa, restando apenas vestígios. Os segmentos laterais do transepto e a primeira capela do lado do Evangelho conservam o magnífico resvestimento a azulejo policromo. Na primeira capela do lado da Epístola e no vestíbulo falta apenas o revestimento da abóbada. Todos os restantes foram retirados e colocados em dois recantos do corredor de acesso entre o claustro e o coro baixo. Neles podem-se admirar padrões que imitam tecido oriental, motivos vegetalistas e diversos animais. O coro baixo é hoje uma capela rectangular e com abóbada abatida, com penetrações laterais que definem prolongamentos triangulares com o vértice apoiado em mísulas. Em cada prolongamento triangular desenvolve-se um medalhão com flores. Nas pequenas abóbadas das penetração veêm-se desenhos paisagísticos. Os azulejos policromos de vários padrões acompanham o perímetro da abóbada. Posteriormente a metade inferior foi substituída por lambril de azulejo branco. Do claustro sai um outro corredor que nos conduz à saída trata-se de um corredor em rampa decorado a azulejos policromos e suportando um lavabo com duas bicas. Sob a bacia encontra-se um rectângulo de azulejos de tapete seiscentista (provavelmente retirado da igreja), e por cima há um painel representando Nossa Senhora da Salvação com São Sebastião e Santo António (2ª metade do séc. XVIII). As ilhargas são decoradas com desenhos de traço barroco em moldura pompeiana, representando cenas da iconografia Clarista. À esquerda está Santa Clara junto a Santa Inês, mostrando a custódia aos soldados de Frederico II que tentam escalar as muralhas do mosteiro de São Damião, pondo-os em fuga. À direita está D. Dinis e a rainha Santa Isabel no "milagre das rosas".

Modo de funcionamento
Para mais informações por favor visite a página do Instituto Português do Património Arquitectónico www.ippar.pt
Morada
Rua de Santa Marta (Junto ao nº 56), Coração de Jesus
1150
LISBOA
Fonte de informação
CNC / Patrimatic
Bibliografia
ALMEIDA, D. Fernando de (dir.), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, vol. V - Segundo Tomo, Lisboa: Junta Distrital de Lisboa, 1975

CAEIRO, Baltasar de Matos, Os conventos de Lisboa, [Sacavém], Distri, 1989.

LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. II, Lisboa: IPPAR, 1993.

SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (coor.), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa: Carlos Quintas & Associados - consultores, Lda., 1994.

Data de atualização
13/01/2009
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