Património Material
Igreja do Carmo
Pertenceu ao convento de Nossa Senhora do Carmo de Tavira, datado de 1745, a que está anexa. A entrada principal da igreja, de desenho barroco da época de D. João V, abre-se no ligeiro avançamento do transepto. O seu portal é ladeado por duas colunas e encimado por entabelamento e frontão ondeado, englobando ainda o janelão que o sobrepuja, e que é rematado por um pequeno frontão triangular. Um frontão dividido em três sectores por pilastras, com um painel de azulejo representando a padroeira no sector central, é rematado por sinuosas linhas e encimado por duas urnas, dois pináculos e uma cruz, engrandece esta fachada. O templo tem um interior vasto com planta em cruz latina, sendo a sua cobertura em abóbada de berço, com vazamentos para as lunetas, que proporcionam uma boa iluminação. No cruzeiro eleva-se a cúpula que termina em lanternim. No topo do lado setentrional está situado o largo coro sobre o qual, no exterior, se ergue o campanário de três altos olhais. A decoração interior, de esplêndido efeito, alonga-se pelas paredes em friso de painéis pintados, enquadrados por talhas policromas, ostentando os altares laterais retábulos de talha de diferentes composições rococó. A capela-mor constitui um magnifíco exemplo do poder decorativo do barroco final, numa excelente combinação de azuis e dourados, sendo o pavimento central, rebaixado três degraus, revestido de mármore azul e branco. O retábulo do altar-mor concentra a maior riqueza decorativa desta igreja, desenvolvendo-se em quatro colunas coríntias de capitéis dourados, e enrolamentos igualmente dourados que trepam pelos fustes, e nichos com imagens, culminando todo o conjunto num complexo remate que enaltece o escudo, representando o Monte Carmelo encimado pela cruz. Sob o este, num espaço fechado em cúpula ergue-se um espectacular trono sobre o elevado nicho à frente do qual, num crucifixo, se pode apreciar uma admirável escultura em marfim de Cristo. Ainda na capela-mor se pode admirar um esplendoroso cadeiral do final do séc. XVIII, de banco único forrado, sendo os lugares diferenciados pelo alto espaldar seccionado. Toda a gramática dos fundo e estofos deste cadeiral, com dourados, jarras e volutas "rocaille", se integra na arte do reinado de D. Maria I.
GIL, Júlio e CALVET, Nuno, As mais belas igrejas de Portugal, vol. I, Verbo, Lisboa, 1988.