Património Material
Igreja de São Vicente de Fora
Distrito:
Lisboa
Concelho:
Lisboa
Tipo de Património
Património Material
Classificação
Monumento Nacional
Proteção Jurídica
16-06-1910, DG 136, de 23-06-1910
Identificação Patrimonial
Monumento/Edifício
Época(s) Dominante(s)
Moderna (Séc. XV a XVIII)
Uso atual
Local de culto
Proprietário/Instituições responsáveis
Patriarcado de Lisboa
Descrição
Situada numa elevação na confluência dos bairros da Graça e Alfama e do campo de Santa Clara a Igreja de S. Vicente de Fora constitui um dos mais impressionantes monumentos religiosos de Lisboa.
A igreja está próxima do sítio onde, no ano de 1147, as tropas de D. Afonso Henriques acamparam durante a tentativa de conquista do burgo mourisco. Nesse local estabeleceu-se um cemitério, para cuja capela D. Afonso Henriques ofereceu uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Ao conquistar a cidade de Lisboa, o primeiro rei de Portugal fez voto de construir um templo se S. Vicente lhe alcançasse a vitória, o que acabou por acontecer. De facto, S. Vicente encontra-se profundamente enraizado na história de Lisboa, segundo a lenda o corpo do santo mártir estaria em Sagres, onde havia sido depositado pelos cristãos, numa capela guardada por corvos. Após a tomada de Lisboa o rei, cumprindo a sua promessa, mandou buscar os restos mortais de S. Vicente. Ainda segundo a mesma lenda, os corvos que guardavam os restos mortais não os deixaram sem que esses se encontrassem depositados no túmulo, convertendo-se São Vicente no padroeiro da cidade e os corvos num dos seus símbolos.
A igreja está próxima do sítio onde, no ano de 1147, as tropas de D. Afonso Henriques acamparam durante a tentativa de conquista do burgo mourisco. Nesse local estabeleceu-se um cemitério, para cuja capela D. Afonso Henriques ofereceu uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Ao conquistar a cidade de Lisboa, o primeiro rei de Portugal fez voto de construir um templo se S. Vicente lhe alcançasse a vitória, o que acabou por acontecer. De facto, S. Vicente encontra-se profundamente enraizado na história de Lisboa, segundo a lenda o corpo do santo mártir estaria em Sagres, onde havia sido depositado pelos cristãos, numa capela guardada por corvos. Após a tomada de Lisboa o rei, cumprindo a sua promessa, mandou buscar os restos mortais de S. Vicente. Ainda segundo a mesma lenda, os corvos que guardavam os restos mortais não os deixaram sem que esses se encontrassem depositados no túmulo, convertendo-se São Vicente no padroeiro da cidade e os corvos num dos seus símbolos.
Da primitiva edificação afonsina apenas se encontram vestígios da necrópole medieval; as fontes fazem referência a uma igreja fortificada, típica das construções religiosas da época, e às dependências conventuais distribuídas à volta de um claustro de dimensões médias. D. Filipe II mandou reconstruir o edifício em 1582, segundo o projeto de Filipe Terzi, mas só seria inaugurado em 28 de agosto de 1629. As obras continuaram através de todo o séc. XVII até ao início do séc. XVIII e o terramoto conduziu a obras de restauro a partir de 1895.
A fachada da Igreja de S. Vicente de Fora, servida por escadaria, é composta por um corpo central e dois laterais com torreões, em dois andares separados por cornijas. No primeiro andar, três arcos de volta perfeita abrem para a galilé no corpo central, sobrepujados por três esculturas inseridas em nichos: São Vicente (à esquerda), Santo Agostinho (ao centro) e São Sebastião (à direita). No corpo central rasgam-se três janelões enquadrados por pilastras adossadas assentes em mísulas e encimadas por áticas, e nos intercolúneos dos corpos laterais, encontram-se nichos decorados com as imagens de Santo António e S. Domingos de Gusmão, no piso térreo, encimados no andar superior por S. Norberto e S. Bruno.
A fachada de figurino maneirista é decorada por pilastras lisas, frontões retos e curvos, entabulamentos e balaústres. A alternância de elementos decorativos e a imagem conferida pelo desnivelamento dos nichos, conferem-lhe um efeito barroco que contrasta fortemente com o interior da igreja - de planta longitudinal de nave única e capelas intercomunicantes.
O acesso ao espaço interior faz-se através do vestíbulo, o qual é ornado de pilastras e capitéis decorados com setas e palma, respetivamente o símbolo de S. Sebastião e S. Vicente. À esquerda encontra-se um nicho com uma representação de Santo Onofre.
No interior predomina o mármore policromo, que confere à nave coberta por abóbada de canhão, com caixotões do mesmo material, um equilíbrio distinto. No corpo da igreja desenham-se três capelas laterais, forradas em mármore cor-de-rosa e molduras de embrechados. As invocações das capelas laterais têm sido alteradas no decurso da história do templo; a capela de Nossa Senhora do Pilar, situada do lado da Epístola, impõe-se com altar de mármore embrechado e retábulo de talha dourada, do lado oposto encontra-se uma outra conhecida como do Santíssimo Sacramento, que já aí não se encontra e que se apresenta fechada por uma grade de ferro trabalhado de finais do séc. XVII.
O cruzeiro sobre o qual acentava o zimbório destruído no terramoto de 1755 e que foi substituído por uma cúpula de madeira, aparece sublinhado no pavimento por desenhos geométricos de mármore policromo. No transepto destaca-se no topo, do lado do Evangelho, a capela dedicada a Nossa Senhora da Enfermaria, na parte do altar encontra-se recentemente uma capela em honra do Santíssimo Sacramento. Do lado oposto ao transepto encontra-se a capela do Coração de Jesus, de madeira pintada, e a capela de Santo António; nesta última encontram-se depositados os ossos da mãe do santo e uma lápide que assinala o túmulo do cavaleiro milagreiro Henrique de Bona.
No centro da capela-mor, sobre o altar barroco, encomendado por D. João V, sobressai um grandioso baldaquino e de que faz parte um conjunto de estatuária, da autoria de Machado de Castro. As imagens de S. Vicente, S. Sebastião e dos anjos que encimam as portas de acesso ao coro, são da autoria de Manuel Vieira. No coro, situado por detrás do altar-mor, podem-se observar telas, do séc. XVIII, representando episódios da vida de S. Vicente, S. Sebastião e da Ordem de Santo Agostinho, cuja autoria é atribuída ao padre Manuel José, bem como o cadeiral dos cónegos. O órgão de S. Vicente, do séc. XVIII é enquadrado por talha, encontrando-se apoiado em três anjos na cabeceira da Igreja.
Qualquer referência à Igreja de São Vicente é inconcebível sem o mosteiro, cujo conjunto constitui um dos mais impressionantes monumentos religiosos de Lisboa. A edificação conventual, organiza-se no espaço à volta de dois claustros, aos quais se tem acesso por uma porta de braço do transepto do sul. Os claustros são decorados com um conjunto de 81 painéis de azulejos dos princípios do séc. XVIII representando as fábulas de La Fontaine, paisagens, cenas pastorais, da caça da Corte e vistas marítimas. A sacristia situada entre os dois claustros (construída nos inícios do séc. XVIII) é de cunho italianizante, com forro de mármores policromos, destacando-se um busto de D. João V inscrito em medalhão e o painel com composição alusiva à Assunção da Virgem, da autoria de André Gonçalves. Os claustros dão acesso às dependências conventuais, compostas por um conjunto de salas, câmaras, arquivos, jardins, capelas, claustros, bibliotecas, cartórios, terraços e outras dependências; destaca-se ainda a composição dos alizares das escadarias que conduzem à torre e aos antigos Paços Patriarcais.
Morada
Largo de São Vicente
1100-472 Lisboa
Telefone
(+351) 218 824 400
E-mail
Fonte de informação
CNC / Patrimatic
Bibliografia
ADRAGÃO, José Victor, PINTO, Natália, RASQUILHO, Rui Novos Guias de Portugal - Lisboa, Editorial Presença, Lisboa, 1985.
ALMEIDA, Fernando de (coord.), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Junta Distrital de Lisboa, 1975.
ALMEIDA, José António Ferreira de (coord.), Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, Selecções do Reader's Digest, 2ª reimpressão, Junho de 1982.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. II, Lisboa, IPPAR, 1993.
Idem, Património Arquitectónico e Arqueológico - Informar para Proteger, Lisboa, IPPAR, 1994.
RODRIGUES, José Armando, COSTA, José Lino, MAGALHÃES, Maria Filomena de, ANGÉLICO, Maria Manuel, Oásis Alfacinhas Guia Ambiental de Lisboa, Verbo,Lisboa,1997.
MOITA, Irisalva (coord.), O Livro de Lisboa, Livros Horizonte, Lisboa, 1994.
SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (dir.), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, Carlos Quintas & Associados - Consultores, Lda., 1994.
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Data de atualização
08/11/2024