Património Material
Igreja Matriz do Sardoal, Igreja de São Tiago e de São Mateus
Igreja quinhentista de três naves, modificada por sucessivos restauros. Na fachada distingue-se um portal com arco ogival, ladeado por dois delicados colunelos, apresentando capitéis esculpidos, nos quais a ornamentação vegetal se associa a dois rostos humanos, um masculino e outro feminino, o primeiro com a fronte coroada. A rosácea é em estilo flamejante e apresenta lavores de belo efeito. A torre lateral foi acrescentada no séc. XVII. O interior é composto por três naves, de cobertura em madeira de três planos, com quatro altares em calcário, da região da Batalha, do final do séc. XVI; o primeiro altar, do lado do Evangelho, foi alterado para capela, dedicada ao Coração de Jesus. Os dois altares colaterais têm retábulos de pedraria e a capela-mor apresenta um rico retábulo de talha do séc. XVII, formado por colunas salomónicas, sendo revestida de azulejos. As paredes laterais são ocupadas por dois painéis de azulejos, representando "S. Tiago aos Mouros" e a "Aparição da Virgem aos Cavaleiros de S. Tiago", ambos datados de 1701, de feitura holandesa ou influenciados por esta. A face do arco-toral encontra-se, igualmente, forrada de azulejos, estes de tipo padrão, azuis e brancos, do final do séc. XVII ou do início do séc. XVIII. No cimo está Cristo crucificado, entre S. José e a Virgem e, sobre uma mísula, encontram-se esculturas em pedra do final do séc. XVI. Noutras duas mísulas que ladeiam o arco encontra-se uma escultura de Santo António em madeira e uma escultura da Pietà, em pedra, do séc. XV, um belo exemplar pintado e estofado. Os retábulos das capelas do cruzeiro são lavrados em calcário da Batalha, uma imitação tardia da Renascença. O tecto é em abóbada de berço, pintado modernamente. Num nicho sobre o arco da capela do lado do Evangelho encontra-se uma escultura em pedra, do séc. XVI, que representa a Virgem. No pavimento da igreja estão diversas campas brasonadas, já com os relevos muito gastos. Quando foram efectuadas algumas obras de modernização na igreja, os fustes e capitéis das colunas das naves foram encascados em estuques pintados. A pia de água benta, do séc. XVI, é gomeada no bordo interior e guarnecida de botões na cinta superior do cálice, de feição original. É importante salientar que as mais belas peças do espólio desta igreja são os quadros, os quais foram guardados na casa da Imandade do Santíssimo, situada sob a capela-mor. Consistem em sete pinturas a óleo sobre madeira de carvalho, que representam o busto de Cristo, de S. Paulo, de S. Pedro, a Virgem da Anunciação, o Anjo Anunciador, S. João Baptista e S. João Evangelista. As quatro últimas tábuas medem 1,470 m x 0,900 m, a primeira 0, 635 m x 0, 785 m e as terceira e quarta 0,645 m x 1, 070 m. Estas pinturas são atribuídas ao Mestre do Sardoal e revelam uma forte personalidade de artista, no tratamento das figuras, nas dobragens dos panejamentos, nas intenções fisionómicas, entre outros detalhes. Consiste num tipo de pintura marcadamente nacional, de oficina provincial, sem influência flamenga, representando a melhor pintura portuguesa do período manuelino. Pormenores notáveis a destacar nesta série de pinturas são o naturalismo do desenho das mãos, a suave expressão dos rostos e a expressão dos olhares das figuras. A classificação abrange todo o recheio.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. III, Lisboa, IPPAR, 1993.
OLIVEIRA, Manuel Alves de, Guia Turístico de Portugal de A a Z, Lisboa, Círculo de Leitores, 1990.