Património Material
Igreja matriz de São Silvestre do Gradil
A edificação ou reedificação do núcleo de base do edifício actual data do século XVII, embora esta igreja apresente pormenores quinhentistas e outros posteriores a 1755. De planta longitudinal, é constituída por nave única e capela-mor formando uma volumetria paralelipipédica escalonada, coberta por telhados a duas águas. A sacristia, de planta rectangular com telhado a uma água, surge adossada ao alçado lateral Sul da capela-mor. Algumas construções anexas, de um só piso, cobertas por telhado a uma água, surgem do lado Norte da capela-mor. O alçado principal apresenta três corpos separados por pilastras de cantaria, cujos extremos constituem as bases das duas torres sineiras, de planta quadrangular.
No interior, a nave está coberta por uma abóbada abatida e as paredes apresentam-se revestidas por decoração azulejar seiscentista do tipo tapete. De cada lado da nave surgem dois bojudos púlpitos com laje de pedra rosada. Por sua vez, num altar do lado da Epístola encontra-se uma imagem policromada e estofada de Nossa Senhora da Conceição.
Na face interna do alçado principal encontra-se adossado o coro-alto em madeira, cujas pilastras, de três arcos e secção quadrada, incorporam duas pias de água benta, do séc. XVI. Neste coro-alto funciona um orgão de caixa, feito em 1801, pelo irmão do escultor Machado de Castro, António Xavier Machado e Cerveira. Sob o coro-alto encontra-se o acesso à capela baptismal, colocada sob a torre sineira Sul, que alberga uma pia baptismal manuelina, do séc. XVI, de base quadrangular, com uma grande bacia oitavada, decorada com símbolos esculpidos em cada uma das faces (peixe, ave, etc.) e rodeada por corda. Existe, ainda, uma outra pia de água benta, de gomos, também oitavada, da mesma altura.
Na capela-mor, coberta por abóbada de berço, é de realçar o retábulo do altar-mor, datado do séc. XVII, de colunas torsas e construído em madeira pintada simulando pedra. O centro deste retábulo ostenta uma tela onde figura S. Silvestre, Papa.
Por sua vez, a sacristia possui um arcaz seiscentista, um grande crucifixo de madeira, de feição arcaizante e na parede um ex-voto de 1799.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. II, Lisboa, IPPAR, 1993.
VILAR, Maria do Carmo - "Carta do Património do Concelho de Mafra: 1. O Manuelino", in Boletim Cultural '94, Mafra, Câmara Municipal de Mafra, 1995.
ROTEIMAFRA : Roteiro e guia comercial, industrial e turístico do concelho de Mafra, Ed. 5, 1990.