Património Material
Igreja de São Sebastião da Pedreira, matriz
A igreja foi mandada construir em 1652 em honra de S. Sebastião. O acesso ao edifício é feito através de uma escadaria lateral. O templo apresenta planta composta por justaposição de dois rectângulos, nave única e capela-mor. O alçado principal, a oeste, é lateralmente delimitado por cunhais de cantaria, sendo o frontão triangular que o remata, vasado por óculo e ladeado por duas torres sineiras de secção quadrada e cobertura piramidal. Nesta fachada inscreve-se um portal com ombreiras e verga de cantaria, e tímpano interrompido, com medalhão em baixo relevo com a coroa e as setas de S. Sebastião, encimado por pirâmide rematada com uma cruz de pequenas dimensões. Inscrevem-se ainda na fachada, duas janelas de emolduramento calcário. Nos alçados laterais, a norte e a sul, edificações de dois andares nas quais se destacam as portas ladeadas por dois óculos com emolduramentos esculturados e recortados em cantaria.
No espaço interior, com quatro capelas, podem-se observar quadros, representando cenas do Novo Testamento e dos Apóstolos com os seus atributos, articulados com lambril azulejar e revestimento de talha dourada. Nos muros inscrevem-se painéis de azulejos representando cenas da vida de S. Sebastião, com legendas latinas, emoldurados com temas de anjos e grinaldas de flores; o revestimento da parte superior é em talha branca e dourada. De cada lado das paredes inscrevem-se púlpitos em talha dourada. A nave é coberta por abóbada de berço com ornamentação estucada; a pintura central, do séc. XIX, da autoria de João Câncio de Sousa representa a "Subida ao Céu de S. Sebastião", rodeado de anjos e de Irene (a mulher que lhe tirou as setas do corpo), é ainda composta por medalhões com a figura de São Jerónimo, Santo Agostinho, Santo Ambrósio e São Gregório Magno. O tecto abaulado é dividido em faixas por cabeças de anjos, jarrões de flores e outros temas florais.
A capela-mor é revestida em talha, sobressaindo os dois quadros com cenas religiosas; o retábulo tem duas colunas torsas nas quais se desenham hastes de videira, folhas e frutos. O altar é em mármore rosa. Na entrada da capela-mor está o túmulo do Patriarca de Alexandria e da Etiópia, D. João Bermudes. Duas colunas salomónicas em pedra acizentada apoiam o coro, sendo a varanda apoiada por balaustrada de curva e contra-curva. Na sacristia, construída na primeira metade do século XVIII, destacam-se os silhares de azulejos axadrezados.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. II, Lisboa, IPPAR, 1993.
SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (dir.), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, Carlos Quintas & Associados - Consultores, Lda., 1994.