Património Material
Igreja de São Domingos de Benfica
A Igreja de São Domingos de Benfica, também conhecida por Igreja de Nossa Senhora do Rosário, fazia parte do mosteiro que foi doado à Ordem de S. Domingos pelo monarca D. João I, a 22 de Maio de 1399, a rogo de João das Regras e de Frei Vicente. Em 1642, por motivo de ruína, iniciaram-se obras de reedificação estando concluídas passados perto de oito anos. Após a extinção das Ordens (em 1834), a igreja só reabriria no início deste século (em 1904). A partir de 1979, este edifício religioso foi entregue à Força Aérea Portuguesa.
A igreja é muito característica do nosso barroco seiscentista; de planta interior em forma de cruz latina, apresenta na capela principal e, nos dois lados extremos do transepto belos retábulos em talha dourada. Atrás do altar-mor, pode admirar-se explêndido sacrário-baldaquino e sobrepujando o arco triunfal uma pintura onde figura a Natividade, obra do pintor Carduchi; nos altares laterais, do lado do Evangelho, escultura de Cristo Crucificado e, do lado da Epístola, escultura de Nossa Senhora do Rosário, ambas atribuídas a Manuel Pereira, artista que esteve ao serviço da Corte em Madrid, durante o período filipino; julga-se serem deste mesmo autor as imagens de S. Domingos e de S. Pedro Mártir junto do altar-mor. Painéis de azulejos, do início do séc. XVIII, revestindo as paredes laterais da capela-mor e do transepto, representam passagens da vida de S. Domingos e de S. Francisco, têm a assinatura de António de Oliveira Bernardes. A capela dedicada a S. Gonçalo de Amarante, de planta octogonal e construída em jaspe, foi edificada em 1685, e apresenta escultura do respectivo patrono, enquadrado em colunas do tipo salomónico, em cantaria originária da Arrábida; ladeando S. Gonçalo de Amarante, em nichos, no lado direito, as figuras de S. Domingos e S. Tomás de Aquino, e no lado esquerdo, da Virgem do Rosário e de S. José. As quatro pinturas dos altares que se encontram nas laterais da nave da igreja, são da autoria de Carduchi. Evidenciam-se, também, as pinturas de André Gonçalves, que acompanham o espaldar do coro, representando cenas da vida de Nossa Senhora e o orgão de fabrico alemão, do séc. XVII. Dignos de realce, são ainda, o túmulo do Doutor João das Regras (Monumento Nacional) e a arca tumular, do séc. XVI, de Vasco Martins de Albergaria. No corredor de acesso à sacristia, em campa rasa, estão depositados os restos mortais de Frei Luís de Sousa.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. II, IPPAR, Lisboa, 1993.