Património Material
Igreja de São Bartolomeu de Messines
A sua edificação é do século XVI, ou finais do século XV. É certo que já existia em 1587. Na fachada sobressai o pórtico de reconstrução barroca, em mármore da região, com duas colunas torsas assentes em pedestais tratados como mísulas e capitéis coríntios que amparam um entablamento com pináculos laterais sobre o qual se eleva uma grande janela, com pilastras caneladas, ladeadas de volutas, e verga com frontão clássico interrompido. O conjunto portal-janelão é flanqueado por duas janelas com moldura de grés vermelho da região, tal como os cunhais, rematados por pináculos de fino recorte. A empena é encimada por uma alta cruz de ferro forjado. Círculos, curvas e contracurvas de acentuada movimentação descem até aos cunhais, debruados com a cor ruiva do grés, num contraste vibrante com o branco da fachada. Uma torre sineira barroca está adossada à fachada meridional. O interior é de três naves e quatro tramos, sendo as naves separadas por arcos redondos facetados, apoiados em colunas salomónicas de grés vermelho que, assentes em pedestais, se desenvolvem num feixe de três e são encimadas por capitéis do mesmo tipo. A cobertura é feita por um tecto de madeira apainelado. Ao centro do tecto axial um relevo representa o Espírito Santo. Subsiste um arco manuelino que apresenta colunas com capitéis do mesmo estilo. Uma das capelas do lado sul é coberta por uma abóbada artesoada, com quatro nervuras arrancando de mísulas e reunidas num florão central, também da época manuelina. A capela oposta, dedicada ao Santíssimo Sacramento, conserva igualmente uma abóbada manuelina com nervuras facetadas e misulada que ostenta no fecho a cruz de Cristo. Valiosos azulejos setecentistas decoram a Capela das Almas. A capela-mor e as capelas laterais ostentam retábulos de tardio barroco (o da capela-mor tem a data de 1788). O coro alto, sóbrio, tem acesso por escada de original lançamento, ocupando o topo do primeiro tramo da nave norte, protegida por um típico corrimão de ferro forjado. Pia-baptismal, altares, lavabo e mesa da sacristia e, especialmente o púlpito, de pedestal canelado e as guardas recortadas em rosetões nas molduras, são lavrados no mármore mosqueado da região, vindo das pedreiras de Monte de Boi. O pavimento da igreja conserva algumas lages antigas e uma pedra sepulcral ornada com um escudo de fantasia em cujo campo se pode ler: "S./Parocho Rum/1733".
GIL, Júlio e CALVET, Nuno, As mais belas igrejas de Portugal, Vol. II, Lisboa, Verbo, 1989.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. I, IPPAR, Lisboa, 1993.