Património Material
Igreja de Santo Antão
Igreja fundada em 1557, sobre a ermida medieval gótica de Santo Antoninho, comenda da Ordem do Templo; no seu adro o rei D. Dinis celebrou, com o concelho, homens bons e povo da cidade, uma concordata em 1286.
A actual igreja, renascentista, colegiada do padroado do cardeal-infante D. Henrique, 1º arcebispo da diocese, foi erguida entre 1557 e 1563, sob responsabilidade dos arquitectos Miguel de Arruda, Brás Godinho e Manuel Pires (o traçado é atribuído a este último). Foi sagrada em 1563 e parcialmente destruída pelo terramoto de 1568, prolongando-se as obras até 1577.
Em 1570, para alargamento desta igreja, foi arrasado o célebre arco triunfal romano que desde a época de Júlio César enobrecia o forum latino, actual Praça do Giraldo.
A fachada, de aspecto austero, apresenta-se ladeada por duas torres sineiras e tem três portais maneiristas, seguindo o espírito tridentino, sendo o coroamento da fachada já do séc. XVIII.
O interior apresenta a traça monumental da Renascença tardia, de planta rectangular, sendo composto por três naves, separadas por robustas colunas toscanas de granito, branqueadas a cal, com capitéis jónicos, as quais suportam coberturas de nervuras da mesma altura, assumindo as características do tipo igreja-salão, primeiro exemplo do tipo que criou escola na região alentejana.
Mais tarde, foi efectuado o lageamento do corpo das naves e da capela-mor, pelo mestre pedreiro eborense Luís Gomes.
Pode, igualmente, vêr-se um interessante núcleo de altares de talha policromada, uns maneiristas e outros barroco-rococó, salientando-se o notável retábulo do presbitério, entalhado no estilo barroco, com colunata salomónica-berniniana; este retábulo foi executado em 1699, a expensas do prelado D. Frei Luís da Silva, e apresenta pinturas de Bento Coelho da Silveira e a imagem do titular, de madeira estofada.
No altar-mor subsiste o precioso e raro frontal de mármore, baixo-relevo que representa o Apostolado, obra romano-gótica do séc. XIII, salva da primitiva ermida de Santo Antoninho. Uma escultura gótica, do séc. XIV, representa as Santas Mães.
Outras pinturas valiosas são: As Almas do Purgatório, de óleo sobre madeira, atribuída ao poeta Jerónimo Corte Real, Santo Agostinho, de Vieira Lusitano, as tabuínhas do antigo altar de Nossa Senhora das Candeias (actualmente do Beato Nuno de Santa Maria), que a Irmandade dos Alfaiates encomendou, em 1627, ao pintor espanhol Martim Valenciano, e outras do artista eborense José Xavier de Castro (1738).
O curioso retábulo barroco da capela lateral de Nossa Senhora de Fátima (antiga de S. Crispim e Crispiniano) recuperada do altar-mor da demolida igreja conventual de Santa Catarina de Sena, foi executado em 1720, pelo mestre entalhador eborense Francisco da Silva, a expensas de soror Mariana Josefa do Sacramento.
Igualmente dignos de nota são os diversos padrões de azulejos policromos, do séc. XVII, que revestem os alçados das capelas laterais.
ESPANCA, Túlio, Évora - Encontro com a Cidade, Câmara Municipal de Évora, Évora, 1988.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. I, IPPAR, Lisboa, 1993.