Património Material
Igreja de Santa Quitéria de Meca
Esta igreja foi mandada erigir pela Confraria de Santa Quitéria, nessa altura uma das mais ricas e poderosas de Portugal, e sob a protecção régia de D. Maria I, tendo sido aberta ao público em 1799. Trata-se de uma igreja em estilo neoclássico, construída em calcário da região, com uma bela fachada de cantaria e duas elegantes torres sineiras, sendo dividida por seis largas pilastras com capitéis jónicos, entre as quais se rasgam três janelões gradeados e três pórticos da galilé. Uma cornija muito saliente corre na base das duas torres, um frontão central com arcos contracurvados apresenta um óculo quadrilobado e uma grande profusão de urnas com fogaréus flamejantes, completam a composição ornamental exterior. No seu interior, de uma nave e com um curto transepto, destacam-se os mármores e pinturas de autoria de Pedro Alexandrino (1730-1810), especialmente as duas grandes telas dos altares do cruzeiro representando, do lado da Epístola, a "Pregação de João Baptista" e, do lado do Evangelho, a "Última Ceia". Ladeando o altar-mor encontram-se outras duas telas - "Aparição de Santa Quitéria" e "Entrada da imagem na nova igreja" - bons exemplares da pintura do final do séc. XVIII. O tecto é em abóbada de berço, em madeira forrada de tela, pintada com grisalhas; a decoração cria efeitos de "trompe-l' oeil", sendo os tons predominantes os cinzentos, os verdes e o dourado, bem harmonizados, emoldurando medalhões com cenas da vida e martírio de Santa Quitéria. Ao centro da abóbada do cruzeiro encontram-se, pintados sobre madeira, "Os quatro evangelistas", ao gosto italiano. Muito valiosos são os paramentos e as imagens que se encontram neste templo. No largo da Igreja encontra-se uma espécie de trono circular, em pedra, para a benção do gado, uma cerimónia que ainda hoje se efectua, numa concorrida Romaria com procissão, no mês de Maio. Santa Quitéria de Meca, advogada contra a raiva, surgiu, segundo a tradição, em 1238, num local próximo de Meca e, durante séculos, romeiros de todo o país dirigiram-se com os seus rebanhos a Santa Quitéria para a benção do gado.
MELO, António de Oliveira, GUAPO, António Rodrigues e MARTINS, José Eduardo, "O Concelho de Alenquer - Subsídios para um roteiro de Arte e Etnografia", Vol. I, Comissão Municipal da Feira da Ascensão de Alenquer e Associação para o Estudo e Defesa do Património de Alenquer, Alenquer, 1985.