Património Material
Igreja de S. Tiago
Extinta como sede de paróquia e colegiada real, já existente em 1302, sendo bispo D. Fernando II e reinando D. Dinis, foi integrada na freguesia de Santo Antão, em 1840.
A sua estrutura arquitectónica foi reformulada no séc. XVII, subsistindo apenas do núcleo original o presbitério e o coroamento de ameias chanfradas, manuelinas, da ala exterior Sul.
A fachada é de grossa alvenaria caiada de branco, ao gosto alentejano, e apresenta um portal simples, ladeado por duas torres aparelhadas. O frontão encontra-se decorado com a figura equestre do titular atacando os mouros, um quadro de baixo relevo em estuque.
Lateralmente, na face meridional, subsiste uma das estações da via sacra da procissão da Irmandade do Senhor Jesus dos Passos, com portal de mármore feito em 1722.
A igreja é de ampla nave única, de planta rectangular e cobertura em abóbada de meio canhão, sendo enriquecida por decorações sumptuárias custeadas pelo reitor-cónego Cristóvão Soares de Albergaria (1680-1700), destacando-se as pinturas murais e em tela que recobrem a cabeceira (estas com cenas da vida de Cristo), e dos tectos, incluindo o coro baixo, conjunto de evidente sentido ilusionista e de inspiração barroca italiana, onde dominam os anjos brutescos, cariátides, esfinges, ornatos concheados e variada vegetação policroma.
A ornamentação da igreja é completada por um notável núcleo de silhares de azulejos historiados, que revestem as paredes da nave, com temática bíblica da parábola do Filho Pródigo, bastante raros pela volumetria e desenho de tons quentes azulíneos sobre fundo branco, sendo assinados e datados por Gabriel del Barco (1699-1700).
Dignos de menção são os altares entalhados de Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora da Esperança e Santa Ana, sendo este último decorado com azulejos do séc. XVIII, possivelmente da oficina lisbonense dos mestres Oliveira Bernardes.
A capela-mor também se encontra decorada com azulejos policromos, do tipo seiscentista de tapete, assim como por um interessante retábulo de talha dourada, com fustes salomónicos, em estilo barroco, da época de D. João V, executado por encomenda em 1719, acordada entre o prior, a Irmandade de Nossa Senhora da Esperança e o mestre entalhador João Miguel (inclui a tribuna).
Sobre o altar da sacristia está um retábulo de pintura portuguesa do final do séc. XVI, fragmentado, representando o Calvário, S. Roque, S. João Baptista , S. Sebastião e S. Jerónimo, encontrand-se separado, S. Tiago - mata mouros.