A Igreja de São João de Alporão, de invocação a S. João Baptista, foi o primeiro monumento classificado na cidade de Santarém, em 1910.

Construída no séc. XII, a igreja surge no contexto da reconquista cristã, como parte integrante do conjunto defensivo da cidade. Por se encontrar na principal via de acesso à Alcáçova e junto a uma das portas da muralha (a do Alporão); a igreja original possuía uma torre circular, que, juntamente com a Torre do Relógio (Cabaceiro), formava uma frente defensiva da cidade. Em finais do séc. XVIII, porém, a torre foi demolida, assim como a própria Porta do Alporão.

A fachada austera da Igreja é de silharia românica, com um pórtico de cinco arquivoltas, apoiadas em colunelos de capitéis com motivos vegetalistas. O pórtico é encimado por uma rosácea composta por quatro círculos concêntricos. A igreja tem, ao estilo românico, uma só nave, de três tramos abobadados, com ábside de abóbada semiesférica e deambulatório alto, semi-circular, com arcos geminados de volta inteira encimados por óculo. Calcula-se que a cobertura românica original tenha desabado no séc. XIII devido a um terramoto, tendo sido substituída por uma abóbada já de estilo gótico.

Em 1834, com a extinção das Ordens Religiosas, é adquirida por um particular, passando a servir como armazém. No séc. XIX funcionou como sala de teatro; e finalmente, já no final de oitocentos, vê o seu valor histórico reconhecido, abrindo ao público como Museu Distrital em 1882. Hoje constitui o 1º núcleo do Museu Municipal, detendo uma colecção constituída ao longo do tempo, por elementos de interesse retirados de edifícios demolidos.

A Igreja de São João de Alporão, constitui um exemplo das construções da transição séc. XII, XIII, que acrescentam um tom proto gótico à austeridade românica. Testemunho dos princípios da nacionalidade, é por muitos considerada uma das maiores antiguidades desta cidade ribatejana.

Primeiro restauro do edifício entre 1877-1882, realizado pela Junta Geral do Distrito.
Levada a cabo uma 2ª campanha de restauro em 1932-36, pela Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais.
Ao longo dos anos 70/80 a DGEMN efetuou pequenos restauros no edifício.
Em 1992 foi remodelado o espaço museológico e executaram-se consequentes obras de restauro, pela Divisão dos Núcleos Históricos.

CUSTÓDIO, Jorge (coord.), Património Monumental de Santarém: Inventário - Estudos Descritivos, Santarém, Câmara Municipal de Santarém, 1996.

LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. III, Lisboa, IPPAR, 1993.