Património Material
Igreja de S. Francisco
Da classificação fazem parte a ábside e absidíolos, o claustro e o edifício barroco da Ordem Terceira, incluindo a sacristia. A igreja do Convento de S. Francisco é de raiz gótica e foi edificada no séc. XV. Da sua primitiva traça, resta, actualmente, o pórtico, flanqueado por dois elevados contrafortes, envolto pela decoração de semi-esferas das três arquivoltas que são sustentadas por seis colunelos de capitéis esculpidos, e a abside, poligonal, apoiada nos seus cantos por maciços contrafortes escalonados. Bastante acima do portal, abre-se o óculo da anterior rosácea. A torre sineira, encimada por um alto coruchéu, apresenta-se entalada pelas construções setecentistas, que lhe são contíguas. O espaço interior do templo foi alterado: primitivamente de três naves, deu lugar a uma só nave de amplas dimensões, decorada ao gosto barroco. Destaca-se o imponente arco do cruzeiro, e a capela-mor, coberta por uma abóbada polinervada. Azulejos azuis e brancos, do séc. XVI, com cenas da vida de Santo António, completam a magnífica decoração do retábulo de talha dourada, de colunas salomónicas e sacrário esférico. Este retábulo foi executado por Miguel Francisco da Silva, em 1743. Um amplo arco abatido suporta o coro. Os altares laterais cobrem-se de talha barroca e, sobre eles, vistosas sanefas elevam-se acima das balustradas que protegem largos balcões. Distribuídas pela nave podem ver-se duas imagens esculpidas, designadamente a Virgem das Dores, da autoria de Soares dos Reis, e um S. Francisco de Assis, de Berardi. Inclui, também, a talha policromada de uma Árvore de Jessé e uma pintura do séc. XIV, representando a Flagelação de Cristo. A sacristia, do séc. XVIII, tem um belo tecto de painéis pintado, arcazes de pau-preto e mesa de mármore com incrustações. Possui um valioso, embora pequeno, Museu de Arte Sacra. Das construções conventuais, pode admirar-se a sala do capítulo, edificação gótica, quatrocentista, com portal ladeado por janelas, que dá acesso ao claustro, obra de 1591, executada pelo mestre Gonçalo Lopes. Possui dois pisos de galerias divididas por dez tramos que repousam em colunas toscanas, e no centro do pátio de planta quadrangular, ergue-se um chafariz de granito, seiscentista.
GIL, Júlio e CALVET, Nuno, As mais belas igrejas de Portugal, vol. I, Verbo, Lisboa, 1988.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. I, IPPAR, Lisboa, 1993.