Na fachada principal encontra-se um alpendre que abriga um grande portal manuelino e, lateralmente, corre um outro alpendre (pouco vulgar) com colunelos toscanos. O portal tem um desenho manuelino da primeira fase, apresenta lateralmente duas colunas torsas e enfeites florais exuberantes definindo, sobre a porta, o característico arco ultrapassado. Elementos arcaizantes, neste belo pórtico, são dois capitéis com carrancas humanas. O interior é de nave única, do séc. XVIII, sendo revestida esta e a capela-mor (mais estreita) com lambris de azulejos azuis e brancos do séc. XVIII, representando cenas da vida de Cristo descrita, em dez painéis historiados: "Colheita do Maná", ""Abraão e os Anjos", "Exploradores da Terra da Promissão", "Ester e Assuero", "Bodas de Caná" e "Multiplicação dos Pães" (lado esquerdo); "Sacrifício de Melquisedec", "Sacrifício de Isaac", "Elias e o Anjo", "David e Abigail", "Milagre da Piscina de Betsaida" e "Entrada triunfal de Jesus em Jerusalém" (lado direito). O tecto é em abóbada de berço, de madeira pintada com ornatos tendo ao centro, pintado sobre tela, a "Assunção da Virgem". Na nave estão três altares de talha branca e dourada, as janelas são ornamentadas com lambrequins rococós e o côro, bastante amplo, apresenta uma vistosa balaustrada em talha branca e dourada. Nas paredes encontram-se quatro telas com molduras recortadas e duas com molduras redondas. O púlpito é em mármore e está bastante ornado. Na capela baptismal encontra-se uma pia renascentista com inscrição gótica e uma tela representando o tema do "Baptismo de Cristo". Na capela fronteira, de abóbada de cruzaria, está uma imagem do Senhor dos Passos, assim como um frontal de altar com azulejos hispano-árabes e um retábulo de talha dourada do séc. XVIII. No chão desta capela está uma interessante pedra tumular armoriada e, no fecho da abóbada, um florão esculpido com o motivo heráldico da concha de vieira. Esta capela pertenceu à família dos condes de Ericeira. A sua traça é muito antiga e assinala os restos da primitiva igreja destruída pelo terramoto de 1755. Na capela-mor encontra-se um retábulo de boa talha branca e dourada, venerando-se ao alto a pequena imagem de Nossa Senhora dos Prazeres, em madeira estofada, do séc. XVIII.

MELO, António de Oliveira, GUAPO, António Rodrigues e MARTINS, José Eduardo, "O Concelho de Alenquer - Subsídios para um Roteiro de Arte e Etnografia", Vol. I, Comissão Municipal da Feira da Ascensão de Alenquer e Associação para o Estudo e Defesa do Património de Alenquer, Alenquer, 1985.