Património Material
Igreja de Nossa Senhora do Espinheiro
Igreja fundada no séc. XV, sofreu sucessivas reformas. O acesso é feito através dum grande pátio abobadado com galeria exterior, apresentando um portal em estilo renascença.
É de ampla nave única, com planta em cruz latina, sendo os alçados revestidos por silhares de azulejos historiados. Do estilo gótico apenas subsistem as absidíolas do transepto.
A capela-mor foi reconstruída no séc. XVII para jazigo dos condes de Basto que estão em sumptuosos mausoléus de mármore, encontrando-se a capela revestida por painéis de azulejos com cenas da vida de S. Jerónimo e da Virgem, atribuídos a Gabriel del Barco.
A capela do Senhor Morto, tumular do cónego doutoral André de Sande, apresenta um altar de mármores embrechados e está enriquecida por um retábulo tipo florentino de mosaicos embutidos e revestida por painéis de azulejos monocromáticos figurativos de inspiração holandesa (1710).
O coro alto tem balaustrada de mármore. O claustro, quinhentista, é composto por dois pisos onde se destacam, no superior, as colunas de mármore góticas e o inferior os pilares de granito. A cobertura é em abóbada artesoada, decorada com esferas, cruzes de Cristo e escudos manuelinos.
O Convento de Nossa Senhora do Espinheiro, da Ordem de S. Jerónimo, foi mandado construir pelo bispo D. Vasco Perdigão que a consagrou em 1458. Mais tarde recebeu o favor de D. Afonso V que nela instalou uma "pousada real" para viligiatura onde seu filho, D. João II, celebrou as cortes nacionais de 1481, e o encontro dos nubentes D. Afonso e D. Isabel, herdeiros das coroas de Portugal e Castela em 1490.
Frei Carlos, o místico pintor de origem flamenga, considerado um dos maiores artistas da sua época, professou nesta comunidade em 1517 e nela executou algumas das suas melhores obras, pertencentes à Escola Primitiva Portuguesa.
Foi igualmente panteão da nobreza durante os reinados de D. Manuel e D. João III entre os quais se encontram navegadores, diplomatas e escritores.
Em 1663, serviu de quartel-general do príncipe D. Juan de Áustria, conquistador da cidade durante a Guerra da Restauração.
O edifício, apesar de ter sido objecto de diversas reconstruções, conserva elementos arquitectónicos e decorativos góticos, manuelinos, renascenças e barrocos, bem visíveis no austero claustro de cantaria edificado em 1520 pelos mestres João Alvares e Álvaro Anes, na quinhentista adega monumental com três naves, na antiga sala capitular com o emblema do "Príncipe Perfeito" e na igreja.
ESPANCA, Túlio, Évora - Encontro com a Cidade, Câmara Municipal de Évora, Évora, 1988.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. I, IPPAR, Lisboa, 1993.