Esta igreja dedicada a Nossa Senhora da Encarnação, foi cedida por empréstimo pela Casa Belmonte, de modo a que o culto religioso pudesse ali ser realizado, quando a velha igreja paroquial, situada no antigo cemitério de S. Domingos de Fanga da Fé, foi destruída pelo terramoto de 1755. Em 1955, o templo foi entregue por aquela Casa ao Patriarcado, passando a funcionar como paroquial.

A classificação inclui o recheio. Edificada no período de seiscentos, foi alvo de modificações no período seguinte. A fachada é precedida de uma escadaria exterior de acesso à porta principal, à qual sucede uma galilé, que serve ao mesmo tempo de sub-coro, de grandes arcos abatidos e abóbada de aresta; está ligada às duas galerias laterais alpendradas e, por outro, separa as duas torres sineiras.
O interior de uma única nave, tem o tecto apainelado, pintado de azul e amarelo, e no centro um painel de forma oval com o brasão de D. João V. É revestido por silhares de azulejos seiscentistas do tipo tapete, sendo a restante decoração, setecentista. A capela-mor tem as paredes decoradas com azulejaria azul e branca, alusiva à Adoração dos Pastores e Adoração dos Magos; sobre esta encontram-se janelas emolduradas em talha "rocaille" e pinturas da autoria do mestre André Gonçalves. Saliente-se o excelente retábulo de talha do altar-mor, com colunas torsas e rematado por um medalhão, representando a Anunciação, e o sacrário, de forma esférica. De interesse, ainda, a estatuária, o púlpito, de talha rocócó, cuja decoração imita a pedra mármore, um arcaz de 1661 e a pia de água benta.

LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. II, Lisboa, IPPAR, 1993.

LUCENA, Armando de, Monografia de Mafra, [Mafra], Comissão Municipal de Turismo, [1944].