Património Material
Igreja de Nossa Senhora da Assunção, matriz de Alte
A origem da Igreja Matriz de Alte, ou de Nossa Senhora da Assunção, remonta à época da reconquista do Algarve, em pleno século XIII. No entanto, tratava-se, com grande probabilidade, de uma simples capela privada de devoção, e não de uma igreja paroquial, como o atual monumento. A evolução desta pequena ermida a templo tutelar da vila deu-se na viragem para o século XVI. Em 1518, numa das Visitações da Ordem de Santiago ao local, refere-se que a igreja “se está fazendo”, claro indicador de que o edifício se encontrava em obras. Contudo, ela só será referida como Igreja Matriz de Alte em 1554, fazendo crer que as obras teriam terminado há muito pouco tempo, ou que se encontravam praticamente finalizadas. A história da evolução do imóvel não é conhecida, uma vez que, até agora, não se identificou qualquer elemento da primitiva construção gótica. O templo que hoje subsiste é uma construção típica do ciclo manuelino tardio, que tão singularmente caracteriza o território algarvio nas duas ou três décadas que antecederam os meados do século XVI, sendo vários os elementos manuelinos que ainda se conservam no templo.
A segunda grande campanha de obras da Matriz de Alte deu-se nos períodos barroco e rococó (século XVIII). Nessa altura, atualizou-se esteticamente o interior do templo, engrandecendo-o, então, com numerosos retábulos e painéis de azulejos. O mais antigo retábulo é o que ornamenta a capela de Nossa Senhora do Monte do Carmo, construído entre 1735 e 1751, obra ainda conotada com o Barroco pleno do reinado de D. João V, mas onde o formulário rococó começa já a despontar.
Em 1755, a igreja foi duramente afetada pelo terramoto, procedendo-se, então, a um parcial e apressada reconstrução.
No domínio da azulejaria, destacam-se os painéis das paredes da capela-mor, com padrões figurativos e vegetalistas e composições de anjos músicos serafins. No século XIX, uma última campanha de obras caracterizou o edifício com a construção de uma empena em massa e a abertura de um janelão emoldurado de cantaria rematado por frontão triangular na fachada principal.
Do núcleo de imaginária existente na Matriz de Alte, composto por quinze exemplares de madeira, destaca-se a imagem de Santa Margarida, outrora orago de uma pequena ermida situada na freguesia.CARRUSCA, Susana, Loulé: O património artístico. Loulé, Câmara Municipal, 2001, p. 93-94.
LAMEIRA, Francisco; SERRA, Pedro, Igreja Matriz de Alte. [s.l.], [s.n.], s.d.].