Património Material
Igreja de Martinlongo
A torre sineira e a série de torreões cilíndricos deste templo sugerem a pré-existência neste local de uma mesquita, no entanto, é mais seguro considerar-se como o resultado de um gosto pela arte tardo-gótica manuelina-mudéjar alentejana, de que a Ermida de S. Brás, em Évora, dos finais do século XV é considerada protótipo e com a qual a Igreja de Martim Longo se assemelha através dos mesmos contrafortes cilíndricos.
Teve várias etapas na sua construção na viragem para o século XVI. Existem relatos de 1518 que a dão por praticamente terminada, à exceção do campário e da capela-mor então descrita como derrubada, facto que sugere uma costrução anterior.
O edifício que hoje vemos é gótico-manuelino. No exterior destaca-se a porta em arco quebrado, gótica.
O interior é de três naves, separadas por arcos quebrados assentes em colunas muito baixas com capitéis tronco-piramidais invertidos, que apontam para uma influência bizantina, rara em Portugal. Nos altares destacam-se retábulos renascença, construídos de 1681 a 1684. No altar-mor pode admirar-se uma imagem da virgem do século XVII. A pia batismal assenta num pé decorado com carrancas.
A igreja tem ricas alfaias e, sobretudo, paramentos, entre os quais figuram uma casula verde do século XVI, uma casula de seda bordada a prata, uma casula de seda branca bordada a matiz (de 1792) e ainda um pálio de cetim branco bordado a matiz.
ALMEIDA, José António Ferreira de (coord.), Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, Selecções do Reader's Digest, 1982.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. I, IPPAR, Lisboa, 1993.
OLIVEIRA, Manuel Alves de, Guia Turístico de Portugal de A a Z, Lisboa, Círculo de Leitores, 1990.
"Turismo Cultural", Nº 5, II Série, Abril/Maio/Junho - 92.