Património Material
Igreja Paroquial de São Gião
A igreja paroquial tem como titular S. Gião (São Julião), atribuindo-se-lhe o estilo D. João V. Posto que se leia a data de MDCCLVI na porta principal, apresenta-se no seu conjunto e no seu recheio como edifício da segunda metade do século. As proporções, dispostas em alturas, e as obras de talha e pintura, destacam-se na região pela sua qualidade artística e ímpar beleza. A frontaria apresenta, dentro dum rectângulo formado pelas pilastras dos cunhais e pelo entablamento direito que as une, a porta enquadrada de pilastras e dominada pela janela do coro. Esta é acompanhada de duas de traçado similar. Sobrepõe-se ao entablamento um remate de pilastras e aletas alongadas. Um nicho ostentoso crava-se-lhe ao centro.
Tendo ruído em 1916, foi reerguida com o material antigo e outro a imitá-lo, sofrendo só ligeiras alterações. Tanto a nave como o Santuário se cobrem de tectos em apainelados rectangulares; naquele formando nove séries de sete, aqui cinco de sete também, cuja autoria é atribuída a Pascoal Parente. Contém pinturas setecentistas, da vida de Cristo, da Virgem e dos santos, secundárias e restauradas em 1946 pelo pintor e decorador conimbricence Álvaro Eliseu. O retábulo principal, do final do século, compõe-se de quatro colunas, as centrais em avançamento e colocadas de ângulo, duma tribuna, sobre a qual se levanta alta cabeceira ondulada, com baixo-relevo da Trindade, enquadrado de fortes ornatos em concheado, ornatos que se repetem nos elementos gerais. Uma pintura de tipo popular fecha o camarim, com a degolação de S. Julião; Nos nichos encontram-se as esculturas do mesmo santo e a de santo António, de madeira e do tempo. Os colaterais, mais austeros, de duas colunas, tem igualmente ornato concheado, e contêm a Virgem com o Menino e S. José; sendo da época final retábulos e esculturas. Em arcos parietaishá mais dois retábulos. O arco cruzeiro reveste-se de talha do mesmo tipo, em construção arquitectónica, com o Calvário (Cristo, Virgem e S. João).
Por ser templo tão notável pela dimensão, pelas obras de pintura e talha que possui e pelo considerável valor das suas alfaias litúrgicas, um bispo de Coimbra ter-lhe-á (justamente) chamado "A Catedral das Beiras", designação que ainda hoje muito se usa para identificar o monumento e exprimir a sua rara beleza.
O coro alto é já do séc. XIX, encontrando-se na sacristia uma escultura de madeira, de Santa Rosa, do séc. XVIII e uma Virgem com o Menino, de pedra, com aplicações de pasta nos vestidos, manuelina e corrente. Possui uma grande custódia de prata dourada, tendo por lado duas colunas torcidas e gravadas de ornatos, e uma aleta saliente. Toda a peça é muito decorada por motivos da época, sendo que falamos do terceiro quartel do séc. XVII. Por fim um pequeno porta-paz de cobre, com a Piedade.
in Oliveira do Hospital - roteiro turístico : São Gião