Património Material
Igreja Paroquial de Santa Eulália
O seu titular é Santa Eulália. O aspecto mais interessante desta igreja está nos seus traços de carácter medieval: cimalhas modilhonadas do corpo, porta travessa da direita e traçado externo da oposta. As portas aproximam-se da capela-mor e não são fronteiras. A igreja já sofreu obras de ampliação e de reforma: a frontaria com a torre datam de 1830 e a capela-mor foi reedificada. A frontaria é recente e apresenta um certo neoclássico rural, estando datada de 1830. A parede externa do lado direito da nave tem de antigo a cornija modilhonada, a porta travessa e uma ligeira fresta; existem vinte e um cachorros até à torre, de feição tradicional, lisos, sem ornatos, sustentando uma leve cimalha, chanfrada em cavado. A porta é simples, com dois arcos concêntricos, apontados e sem molduras, suportando as ombreiras um tímpano liso; não tem impostas, molduras ou arquivolta e desenha um arco apontado mas bastante rebaixado. A estreita fresta afasta-se da esquina externa da porta para o lado da frontaria. A parte exterior da parede, do lado esquerdo, a norte, ainda conserva vinte e cinco mísulas sem ornato; estas partes medievais situam-se no séc. XV. Existem algumas pedras antigas; uma campa sepulcral, guardada num recanto ajardinado, junto da cabeceira, tem um desenho trapezoidal e uma cruz desenhada por círculos secantes. Junto à porta travessa direita aproveitaram no lajedo de protecção uma pedra rectangular, talvez da mesma categoria, na qual se encontra um desenho grosseiro de umas tesouras antigas. O interior da igreja é simples, o arco-cruzeiro é da mesma época da nova capela-mor e do lado esquerdo encontra-se um arco aprofundado em pequena capela. O púlpito tem a bacia em pedra sobre cachorro, devendo ser do início do séc. XVIII. O retábulo principal é do séc. XX e de inspiração tradicional e os retábulos colaterais são pequenos, com duas colunas torsas, pâmpanos e aves a enquadrarem o pano central, rematando com pequenas pilastras misuladas, dos sécs. XVII-XVIII. O retábulo que se encontra do lado esquerdo consiste numa recomposição de talhas de meados do séc. XVIII. No lado oposto encontra-se um "Cristo Crucificado", de grandes dimensões, do séc. XX, trabalho de oficina mas sobre regular modelo, tendo vindo substituir um outro "Cristo Crucificado", de tamanho quase natural, que se encontra guardado numa sala de casa anexa. Entre as esculturas destaca-se uma pequena "Virgem com o menino" (alt. 0,43 m), em madeira, com a douragem e policromia antigas, do final do séc. XV, uma obra bastante graciosa. Existe uma outra, Santa Bárbara, de equivalente tamanho, uma obra corrente e movimentada, do séc. XVIII. O tecto do corpo é em abóbada de berço, dividido em pequenos quadrados, pintados, uns com vasos de flores, outros de ramos simétricos, mas tudo num tipo popular, do género estampilha; ao centro encontra-se uma inscrição com o nome do artista e a data da execução da pintura: 1842. Esta igreja conserva duas peças em prata de valor: uma Custódia, do séc. XVIII, embora mantenha o esquema anterior, com colunas torsas mas lisas e uma radiação solar do novo tipo; uma Cruz Processional, com hastes rectangulares e nó em urna antiga, tendo as faces ornadas de tarjas curvas entrecruzadas, com motivos repetidos e o nó rótulos interligados, a imitarem cabuchões, do séc. XVII.