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Património Material

Igreja Paroquial da Várzea

Distrito: Aveiro
Concelho: Arouca

Tipo de Património
Património Material
Identificação Patrimonial
Monumento/Edifício
Época(s) Dominante(s)
Moderna (Séc. XV a XVIII)
Tipologia original
Arquitectura Religiosa - Igreja
Estilo(s)
Gótico
Áreas Artísticas
Arquitectura Religiosa, Escultura, Ourivesaria, Alfaias Religiosas
Uso atual
Culto Religioso
Descrição

A Igreja do Divino Salvado, Matriz de Várzea é um dos monumentos mais antigos da freguesia.

O conjunto atual é o resultado de obras de diversas épocas: as paredes laterais da nave ainda pertencem à época medieval, dum gótico rural arcaizante, possivelmente já do séc. XV; a frontaria é da primeira metade do séc. XVI, embora tenha sofrido reformas posteriores; a capela-mor e o arco-cruzeiro são da mesma época medieval da nave, tendo sido acrescentada cerca de metro e meio no séc. XVIII (a data de 1729 encontra-se gravada na janela); a torre, do lado direito da frontaria, é do séc. XX e na porta lê-se o milésimo de 1949. As últimas obras de beneficiação puseram à vista cantarias e aclararam elementos.

A nave é de pequenas dimensões (11,25m de comprimento interno e 13,15m de externo; 5,80m de largura por dentro e 7,80m por fora), medidas interessantes por serem as aproximadas de todas as naves das igrejas medievais da região arouquense (através daí pode calcular-se a população e o desenvolvimento económico do amplo vale).

Cada parede da nave tem uma porta ogival, não estando na mesma linha transversal da igreja; a porta do lado norte fica a um terço aproximado da capela-mor e a porta do lado sul fica mais distante, quase ao centro da parede. Por cima da porta sul corre um cordão lacrimal, de proteção a antigo alpendre. O cunhal direito deste lado foi reconstituído. As cornijas são formadas por uma fiada de cimalha, biselada em cavado, assim como pelos cachorros de tipo corrente mas desadornados; estes são em número de dezoito na parede norte (a da esquerda) e, na oposta, treze, pois a torre encostou-se ao extremo, na linha da frontaria. Ainda podem ver-se duas estreitas frestas do lado direito, uma só na outra parede e uma outra acima do arco-cruzeiro; nesta empena conserva-se parte da cruz antiga.

As portas são formadas por dois arcos reentrantes, sem impostas nem molduras, em aresta viva, sendo desprovidas de arquivolta envolvente; o vão do arco é obturado por tímpano. O tímpano sul sofreu modificações: a pedra inferior, que já não é a primitiva, foi cortada de maneira a permitir um vão mais alto, o que ilude, sugerindo um anormal traçado. O vão da porta norte foi fechado por cantaria, tendo-se reposto o seu aspeto externo original. O arco do cruzeiro é também de traçado apontado, com arestas vivas, cimalha direita e chanfro curvo.

A frontaria é muito simples: porta retangular só chanfrada, do séc. XVI; pequena janela retangular do séc. XVIII; cordão lacrimal na base da empena e breve e rude cimalha nesta. Existe uma anomalia nesta fachada e não se sabe a sua razão: a porta afasta-se bastante da linha média para o lado esquerdo; a janela, mais tardia, para se aproximar da mesma linha média, avançou para o lado direito, o que fêz notar a irregularidade. Poderá ter existido uma construção que obrigasse a esse afastamento mas, sabe-se que não terá sido uma torre pois existiu um campanário, até há pouco tempo, do lado esquerdo da fachada, restando ainda o sulco que a corda do sino traçou. A silharia desta parte tem sinais de ter sofrido diversas reformas.

Durante o terramoto de 1755 abriram fendas na igreja. Ao lado da porta existem vestígios de uma pequena inscrição, da qual se leem poucas letras. A capela-mor foi ampliada no séc. XVIII (1729), tendo sido deslocada a parede do fundo, aberta uma janela do lado direito e junto a sacristia do outro lado, valorizando o topo com pilastras nos cunhais, empena de cimalha recortada lateralmente, acompanhada por pináculos nos ângulos. As antigas cornijas laterais foram substituídas por novas. O arco-cruzeiro é apontado e de volta duplicada, ou seja, apresenta um pequeno rebaixe na superfície geral. O púlpito tem a bacia em pedra sobre mísula e mostra o milésimo de 1732. O retábulo principal apresenta quatro colunas e os retábulos colaterais têm duas, sendo obras simples, o primeiro de cerca de 1853 e os outros mais recentes, traçados segundo as formas antigas. Os tetos são modernos e lisos.

No interior encontram-se duas cruzes processionais, uma em latão (alt. 0,57m e larg. 0,35m), do tipo de Limoges, com hastes em forma de flôr de lis, com pequeno nó esférico, faces lisas, com Cristo e, sobrepostas às travessas, duas pequenas figuras de S. João e da Virgem; nestas há restos de esmaltes antigos (branco, azul, verde, vermelho e, talvez, preto), com vestígios de douragem. É, possivelmente, do séc. XV. A cruz de categoria da igreja é a de prata branca (alt. =0,82 m), do séc. XVII, com faces planas, ornadas de tarjas em combinações curvas, com terminações em CC contrapostos, um nó em urna antiga e, igualmente, com o mesmo tipo do ornato das hastes, campainhas a pender, Cristo do tempo; a cruz é quase idêntica à de Chave e é, possivelmente, fabrico de Coimbra.

Na silharia exterior encontram-se gravadas pequenas cruzes de tipo setecentista, da devoção da via sacra. Defronte da igreja, e já fora do muro do adro, existe um cruzeiro simples, do tipo calvário.

Fonte de informação
CNC / Patrimatic
Data de atualização
07/05/2014
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