Património Material
Igreja Matriz de Estói
A primitiva ermida medieval de S. Martinho foi muito modificada na primeira metade do séc. XVI, quando esta capela passou a ser sede de freguesia. As obras encontravam-se concluídas por volta de 1554, segundo os valores da arquitectura renascentista. Está actualmente, integrada na sacristia da igreja.
A igreja foi edificada no séc. XVIII mas, sofreu bastante com o terramoto de 1755, tendo sido totalmente reconstruída nos princípios do séc. XIX, em estilo neo-clássico, sob a orientação do arquitecto Francisco Xavier Fabri. Trata-se de um templo de aspecto sóbrio, de linhas bem proporcionadas, parecendo mais imponente devido à majestosa escadaria que a separa do largo. A porta e a janela são de ordem jónica, a qual se desenvolve no interior, com colunas de belos capitéis jónicos sobre pedestais de 1 m de altura, que dividem as três naves. Além da capela-mor, tem outras seis capelas com retábulos de talha, destacando-se no conjunto interior o baptistério, o púlpito, de mármore regional, e diversas imagens que formam um conjunto notável e bastante expressivo: Nossa Senhora resignada, S. João perplexo e Cristo torturado. A ornamentação do baptistério foi custeada pelo Visconde de Estói, em 1913. Salientam-se, igualmente, uma tela representando o Baptismo de Cristo e uma notável e rara imagem de S. Diogo.
Na sacristia estão valiosas jóias e paramentos, distinguindo-se das alfaias religiosas um pálio de brocado de damasco roxo, uma base de cruz processional do séc. XVII, em prata branca, em forma de templete, com uma alma em chamas no interior. No entanto, a peça de maior destaque, pela sua riqueza, é uma custódia do séc. XVII, de prata dourada, com base rectangular, chanfrada, com duas asas que a ligam ao pé. O ostensório, em templete, é formado por uma base rectangular, da qual partem quatro colunas coríntias que sustentam o entablamento, formando contornos na base, sendo encimado por quatro florões. Dos dois lados da base e do entablamento encontram-se lâminas salientes, ligadas por colunas de fantasia, sob as quais pendem campainhas, sobrepostas por estatuetas de anjos, com símbolos da Paixão. Sobre este corpo existe outro, de menores dimensões, estando ao centro o "Agnus Dei". O conjunto é encimado por uma estatueta que representa Cristo ressuscitado.
PAQUETE, Manuel, "Dossier Algarve II", in Turismo Cultural, nº 5, II Série, Amadora, Abril/Maio/Junho 1992.
"Roteiros de Portugal - II Série - Sítios Romanos", in Expresso, Lisboa, 1994, p. 31.
SILVEIRA, João Pedro e NOGUEIRA, José Couto, Portugal Passo a Passo - Algarve, Amadora, Ediclube, 1994.