Património Material
Igreja Paroquial de Nossa Senhora dos Anjos, "Igreja dos Anjos"
A Igreja dos Anjos foi construída em 1563 na paróquia de Santa Justa, situada onde é hoje o cruzamento entre a Av. Almirante Reis e a Rua dos Anjos. Era uma igreja seiscentista de nave única, ricamente decorada com talha dourada e telas. O terramoto de 1755 destruiu-a, tendo sido reedificada em 1758, no mesmo local da anterior.
No início do séc. XX em consequência da abertura da Av. Rainha D. Amélia (actual Av. Almirante Reis) demoliu-se a igreja, construindo-se outra que aproveitou os velhos materiais do seu recheio (telas e talha dourada). O arquitecto José Luis Monteiro concebeu a igreja em estilo neoclássico, tendo escolhido o jardim António Feijó para a edificação. Em 1907 iniciou-se a construção que viria a terminar em 1911, porém a sua inauguração realizou-se um ano antes.
A fachada é dividida em duas partes. A inferior é precedida por uma curta escadaria facetada que nos conduz a três portas ladeadas por colunas dóricas de mármore rosa; a porta central é a mais larga e alta e é encimada por um tímpano triangular, sendo as laterais encimadas por tímpanos curvilíneos. A parte superior tem três janelas separadas por acrotérios, sendo a central a maior e possuindo um tímpano triangular. Um balcão decorado a mármore rosa divide os dois andares. A rematar a fachada está um frontão triangular com óculo central. A alternância dos mármores de tons brancos e rosados, e os detalhes dos elementos escultóricos criam harmonia ao conjunto da frontaria.
O interior, com seis altares laterais, mostra no tecto da nave, caixotões com pinturas alusivas ao martírio da Encarnação e Glorificação da Virgem, enquanto o tecto do altar-mor é inteiramente decorado a talha dourada, recortando-se na parede um arco do triunfo que ostenta o brazão dos Lumiares (padroeiro do templo demolido) e encimado por um nicho com a representação de um Calvário. O coro apresenta varandas de balaustrada, ostentando igualmente talha dourada.
Cerca de 100 telas com pinturas alegóricas à Eucaristia, Apocalipse e cenas do Novo Testamento foram integradas nas paredes, alternando com o trabalho em talha, conferindo-lhe um ambiente sumptuoso. Recentemente foram-lhe colocados azulejos reproduzindo motivos seiscentistas, que decoram nichos, emolduram portas e forram mesas dos altares. Peças de escultura decoram os altares, destacando-se a imagem de Nossa Senhora da Conceição (da segunda metade do séc. XVI). Na sacristia encontra-se uma tela quinhentista com a imagem de Santo António, uma das suas mais antigas representações.
SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (dir.), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, Carlos Quintas & Associados - Consultores, Lda., 1994.
ALMEIDA, Fernando de, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Junta distrital de Lisboa, Segundo tomo, 1975.