Património Material
Forte de São Bruno, em Caxias
Pequeno forte mandado construir por D. João IV, cuja construção data de 1647, sob a direcção do Conde de Cantanhede, D. António Luís de Menezes, Governador das Armas da Praça de Cascais, Conselheiro de Estado e Guerra e Vedor da Fazenda Real. Aquela data pode ser vista numa lápide existente sobre a porta de armas e encimada pelo escudo real. O forte fazia parte do sistema defensivo da barra do Tejo. Situa-se na confluência da Ribeira de Barcarena com o Tejo, muito próximo do Convento de Laveiras dos Frades Cartuchos de S. Bruno, razão da sua invocação. O forte, provavelmente, de início apresentava um núcleo central, casa forte abobadada com bateria superior a defender a linha marítima, e os alojamentos com uma cobertura formada por um terraço lageado, ou bateria superior; posteriormente, foram adicionadas duas baterias rasantes, viradas também para o mar, e os dois baluartes para terra. Actuamente o conjunto apresenta uma forma geométrica (em estrela), tendo o baluarte norte duas guaritas e os do lado de terra estão protegidos por um revelim. Em 1735, o forte encontrava-se bastante entulhado pelas areias, nomeadamente a bateria baixa, realizando-se, então, obras de beneficiação. Por altura do conflito com a Espanha, em 1763, encontrava-se artilhado com 18 peças de fogo, de ferro, 8 de calibre 8 e 10 de calibre 24; após esta guerra, o forte foi de novo votado ao abandono, apesar de possuir bocas de fogo (embora desmontadas), não estava guarnecido e era habitado por uma família de civis. Em 1798, contava apenas com 8 peças de ferro de calibre 8, e um pouco mais tarde, em 1802, tinha 11 peças de artilharia. As areias entulharam novamente as muralhas exteriores, em 1815, e a tenalha direita do forte encontrava-se arruinada. No forte de S. Bruno, "entreteve-se" o rei D. Miguel, em 1831 e 1832, a fazer exercícios de tiro ao alvo, colocando uma canoa no Tejo. Para que pudesse continuar com as suas diversões, o jovem monarca, como Comandante- Chefe do Exército, ordenou que este ponto fortificado fosse retirado da autoridade do Inspector das Fortificações e Baterias da Margem Direita do Tejo e Costa entre Belém e Cascais. Desartilhado depois da Guerra Civil, acabou por ser arrendado em 1878, por um prazo de 9 anos, ao bacharel João Cardoso Ferraz de Miranda; não chegou a ser cumprido aquele período de aluguer, devido a um requerimento da Administração-Geral das Alfândegas, em 1895, para ali fazer obras de adaptação e se colocar um Posto Fiscal. Em 1939, o forte foi cedido ao Ministério das Finanças, mantendo-se, contudo, o Posto Fiscal até 1946. Após a extinção daquele Posto, instalou-se ali o Centro de Vela da Mocidade Portuguesa. Após o 25 de Abril de 1974, é entregue ao FAOJ (Fundo de Apoio às Organizações Juvenis) que ali instala uma Colónia de Férias; passou pouco depois (1977) para a Associação Portuguesa de Pousadas da Juventude, sendo em 1984 cedido ao Corpo de Voluntários Salvadores Náuticos.
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CALLIXTO, Carlos Pereira, Fortificações Marítimas do Concelho de Oeiras, Câmara Municipal de Oeiras, [s.d.].
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. II, Lisboa, IPPAR, 1993.