Património Material
Ermida de São Brás
Trata-se de um edifício fundado no final do séc. XV (1483), por voto de D. João II e do bispo D. Garcia de Meneses, em estilo manuelino-mudéjar.
A sua aparência exterior, atarracada e de planta rectangular, é marcada por catorze contrafortes de forma cilíndrica, coroados por coruchéus cónicos e por uma platibanda de ameias chanfradas; tem, ainda, uma galilé com arcos quebrados. A cúpula é coberta por telhas dispostas em linhas irradiadas à maneira das cúpulas bizantinas do séc. XII.
No remate da cornija encontra-se um friso de esgrafitos, de inspiração muçulmana, com escudetes reais, esferas armilares, a cruz de Cristo e outros motivos decorativos manuelinos.
O presbitério mantém a traça primitiva, de forma quadrangular, e cúpula hemisférica, com revestimento de painéis azulejares do tipo enxadrezado, verde e branco, além do retábulo de entalhamento dourado, maneirista, onde se expõem quatro interessantes pinturas em tábua, de artistas anónimos e de meados do séc. XVI, com influências flamengas da escola eborense e maneiristas, representando a pregação e martírio do orago, a Natividade e a Ressurreição de Cristo.
Dois altares simples, com talha em estilo rococó, são dedicados a S. Romão e a Nossa Senhora das Candeias, esta de antiga devoção local, comemorada com a romaria e feira franca, instituída pela Câmara em 1523. É, igualmente, de salientar, uma imagem de S. Brás, em madeira policroma que, segundo a tradição, apresenta as feições de D. João II, padroeiro da ermida.
O templo foi bastante atingido durante a Guerra da Restauração, devido à artilharia castelhana durante os ataques a Évora de 1663, tendo sido destruída a abóbada da nave, revestida por pinturas murais.
ESPANCA, Túlio, Évora - Encontro com a Cidade, Câmara Municipal de Évora, Évora, 1988.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. I, Lisboa, IPPAR, 1993.