Património Material
Edifício dos Paços do Concelho
O edifício construído entre 1866 e 1875, segundo projecto do arquitecto Domingos Parente da Silva, está imbuído de uma estética e filosofia muito próprias, ligadas à glória e esplendor de Lisboa.
A construção, ao longo da sua existência, sofreu várias alterações quer no aspecto exterior, quer na disposição interior. Foram responsáveis por algumas dessas modificações o engenheiro Frederico Ressano Garcia (magnífica fachada neo-clássica e distribuição dos pisos), o Vereador Anselmo Ferreira Pinto (a imponente escadaria) e o Arquitecto José Luís Monteiro.
A fachada mostra, na parte central, e correspondendo ao 1º piso, três grandes janelas com balcão, encimadas por frontão triunfal suportado por colunas lisas com capitéis compósitos. O tímpano, cuja composição escultórica, se deve ao escultor francês Anatole Calmels, possui as armas da cidade, sobrepujadas por coroa mural. Na direita do brasão está uma imagem alusiva ao "Amor da Pátria", seguida pelas representações da "Ciência" e da "Navegação"; na esquerda, está a figura da "Liberdade", e em segundo plano as representações do "Comércio" e da "Indústria".
No interior, cabe destacar a escadaria principal do edifício que articula o rés-do-chão com a parte superior da construção; apresenta um lance monumental de acesso ao amplo patamar, dividindo-se aí em dois tramos que dão para a galeria. Esta é corrida em todo o seu comprimento por excelente arcaria e guardada por balcões de belo recorte. Sobre o enorme vão que se abre verticalmente, ergue-se o lanternim. O interior da cúpula é decorado com uma gigantesca rosa dos ventos, entrando a luz através de óculos situadas nos pontos cardiais. São ainda dignas de nota, os motivos que decoram o conjunto, entre outros, as pinturas de Columbano Bordalo Pinheiro e de José Malhoa.
Nos anos noventa (a 7 de Novembro de 1996), um incêndio devastador obrigou a reconstrução do interior dos Paços do Concelho, tendo decorrido daí a transferência de serviços administrativos e arquivo para outro local.
No projecto de recuperação, restauro e decoração, trabalharam os arquitectectos Francisco Silva Dias (coordenador), João de Almeida, Nuno Teutónio Pereira e Manuel Tainha, o professor da Escola de Arquitectura, Daciano da Costa, vários artistas, designadamente, Sá Nogueira, Fernando Conduto, Maria Velez, Helena Almeida, Eduardo Nery, Pedro Calapez, Jorge Martins e Jorge Vieira. Subjacente aos trabalhos esteve presente a ideia de renovação e funcionalidade dos espaços, aliada à criação artística, em interacção com o património histórico que os Paços do Concelho representam. O mobiliário com "design" contemporâneo que decora os vários gabinetes da vereação esteve a cargo da arquitecta Ana Silva Dias.
A título histórico refira-se que da varanda do edifício foi proclamada a República a 5 de Outubro de 1910.
Em 7 de Novembro de 1996 sofreu um violento incêndio, razão pela qual foi sujeito a obras de recuperação e restauro que ficaram concluídas em Outubro de 1997.
CADETE, Maria do Carmo Maia, «L'Hôtel de Ville de Lisbonne», in Suplement de Magazine "Casa & Jardim", [Lisboa], Câmara Municipal de Lisboa, 1997.
SALVADO, Salette Simões, Os Paços do Concelho: Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, [s.d.].