Património Material
Convento dos Lóios, Convento de São João Evangelista
Convento da congregação dos cónegos regrantes, foi fundado em 1485 por D. Rodrigo de Mello, conselheiro de D. Afonso V, governador de Tânger e 1º conde de Olivença, segundo autorização de D. João II e do bispo D. Garcia de Meneses. Destinava-se a panteão familiar, encontrando-se aí sepultados os descendentes, marqueses de Ferreira e duques de Cadaval.
No séc. XVIII, o edifício foi bastante alterado, por se encontrar em estado ruinoso e ter sido atingido pelo terramoto de 1755. O alpendre monástico, de colunata, e a fachada principal são obras neoclássicas, de cerca de 1750, assim como a zona do vestíbulo e a escadaria monumental, em mármore, que antecede os corpos de aulas de Filosofia e Teologia e a residência da comunidade.
Do período primitivo, manuelino-mudéjar, distingue-se o claustro gótico-renascença, de arcadas geminadas, enobrecido pelo Lavabo e a Sala de Capítulo, de pórtico decorado pela célebre divisa bélica ganha na expedição de Azamor, em 1508, pelo Conde de Tentúgal, e obra atribuída ao arquitecto eborense Diogo de Arruda. Outros vestígios reveladores da antiguidade do convento são: o Refeitório, com abóbada de nervuras e os brasões dos donatários, o antigo dormitório, construído em arcaria de granito, e o pano amuralhado de Castelo Velho (obstruído).
Após a extinção das ordens religiosas, em 1834, funcionou aqui um colégio e, neste século, foi adquirido pelo Estado, instalando aí o Arquivo Distrital de Évora e outros serviços públicos.
Actualmente encontra-se aqui instalada a Pousada dos Lóios.
A igreja começou a ser edificada em 1485 e foi sagrada em 1491, pelo genro do instituidor, D. Álvaro de Bragança, regedor da Casa da Suplicação. O acesso ao templo é efectuado através de um belo pórtico, em estilo gótico flamejante, com arquivoltas e totalmente construído em granito, excepto o fuste das colunas, em mármore; o interior é de nave única, apresentando as paredes revestidas por azulejos historiados, de autoria de A. Oliveira Bernardes (1711) e cobertura em abóbada de ogivas.
Na capela do Sacramento encontra-se o túmulo do importante latinista e professor régio-universitário D. Francisco de Melo, em sarcófago renascentista, executado pelo escultor Chanterenne (1536) e na capela do Rosário estiveram as campas de bronze, flamengas e raríssimas, dos esposos D. Branca de Vilhena e Rui de Sousa, chanceler-mor de D. João II.
O presbitério apresenta um retábulo em talha dourada, maneirista, a original cobertura armoreada e painéis de azulejos policromos, do tipo tapete, além dos túmulos dos fundadores em representação iconológica.
No interior do convento destaca-se o claustro gótico-manuelino, de dois pisos, com um interessante lavabo gótico num dos cantos. Para o claustro abre-se a sala do capítulo, com um belo portal geminado de arcos em ferradura, influência mudéjar.
ESPANCA, Túlio, Évora - Encontro com a Cidade, Câmara Municipal de Évora, Évora, 1988.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. I, Lisboa, IPPAR, 1993.