Património Material
Convento de Santa Clara de Évora
Convento fundado em 1452 pelo bispo de Évora, D. Vasco Perdigão, no antigo Paço dos Falcões, na rua de Alconchel. Pertencente à Ordem Franciscana, o seu templo primitivo foi aumentado e consagrado em 1464, pelo prelado sucessor D. Álvaro da Costa, célebre cardeal de Alpedrinha.
Da sua traça original, gótica, desaparecida no séc. XVI, conserva o claustro, em estilo renascença, composto por dois pisos. Os arcos duplos, de volta inteira, assentam em colunas de ordem toscana, suportadas por abóbadas de cruzaria armoriada; na arcada superior as colunas são em mármore e na inferior em granito. Por cima corre um friso de tijolo, o qual forma losangos de belo efeito. No centro do pátio encontra-se uma fonte em mármore.
A igreja actual, construída no espírito reformista tridentino pelo mestre de pedraria Manuel Filipe, no final do séc. XVI, e com evidentes características regionais, apresenta uma fachada austera, com aplicações de tijolo, realçada por dois portais elevados protegidos por maciços contrafortes de pedra, austeridade atenuada por torres-mirantes de típicas grelhas de ladrilho, com influências mouriscas. A torre sineira apresenta arcos recortados. O uso do tijolo em frisos e torres, por todo o edifício, cria raros efeitos decorativos.
O interior é de nave única, com planta rectangular e cobertura em meio canhão, conservando notáveis vestígios de pintura a fresco, barroca de temática mariana e da ordem franciscana. As paredes encontram-se revestidas por silhares de azulejos polícromos seiscentistas, em diversos padrões (tipos padrão, tapete e maçaroca) e, na cornija, corre uma interessante composição hagiográfica, igualmente mural, do séc. XVII, anteriormente obstruída por uma série de telas do período de D. João V com temática semelhante.
A cabeceira, de três andares, foi adornada a expensas dos padroeiros D. Garcia de Castro, governador de Mazagão e D. Isabel de Meneses (1598), sendo os colaterais constituídos por pórticos maneiristas, em mármore, e o altar-mor, mais tardio, enobrecido por retábulo de talha dourada, em estilo barroco. Nele subsistem, como raridade sumptuária, assim como nos restantes altares, frontais de damasco branco bordados a ouro e com aplicações de bronze dourado, de relevo e motivos bíblicos.
No coro encontram-se algumas pinturas, com molduras valiosas, representando cenas da vida de Santa Clara e de S. Francisco de Assis. São, igualmente, de destacar alguns frontais de altar, de tecelagem cravejada de placas historiadas, em bronze dourado. Na sacristia estão duas tábuas quinhentistas: "O Nascimento" e a "Pregação de S. João Baptista".
Enquanto decorrem as obras de requalificação do edifício do Museu de Évora, a Igreja de Santa Clara, é o núcleo temporário de exposições.
9:30 – 12:30 // 14:00 – 17:30
Encerra à Segunda e terça-feira de manhã
http://museudevora.imc-ip.pt/
tel. 266 702 604
ALVES, Afonso Manuel, Évora a Cal e a Pedra, Publicações D. Quixote, Lisboa, 1990.
ESPANCA, Túlio, Évora - Encontro com a Cidade, Câmara Municipal de Évora, Évora, 1988.
LOPES, Flávio (coord.), Património Classificado - Arquitectónico e Arqueológico - inventário, vol. I, Lisboa, IPPAR, 1993.